Cidade
do Vaticano (RV) - O Pontifício Conselho da Cultura está assinalando este ano
seu 30º aniversário e, no âmbito das comemorações, foi renovada também a sua página
na Internet. O site traz agora uma maior quantidade e qualidade visual do conteúdo.
Na
manhã de quinta-feira, 14, foi apresentado à imprensa o novo departamento do dicastério,
dedicado à “Cultura e Esporte”, que trabalhará em sintonia com o Pontifício Conselho
para os Leigos e com a Fundação João Paulo II para o Esporte. Seu objetivo será identificar
na conjunção privilegiada entre Igreja, cultura e mundo juvenil um novo areópago de
encontro entre crenças e crentes, no mesmo espírito do já conhecido “Pátio dos Gentios”.
A criação do novo departamento ocorre em concomitância com o campeonato europeu
de futebol na Polônia e Ucrânia, e as Olimpíadas de julho e agosto em Londres, e em
meio à polêmica surgida com os escândalos das apostas clandestinas no futebol italiano.
Dom Carlos Azevedo, bispo auxiliar emérito de Lisboa e atualmente delegado
do Pontifício Conselho para a Cultura, foi entrevistado por Pe. José Maria Pacheco,
responsável do Programa Português da RV. Ele explica porque o Conselho sentiu a necessidade
de criar este departamento:
“Na nossa cultura contemporânea, e não só porque
as Olimpíadas estão aí, não só porque estamos em pleno Campeonato Europeu, mas porque
a dimensão do esporte precisa ser regenerada, não tanto como espetáculo, mas mais
como prática: do equilíbrio com o próprio corpo, de uma ascética que o próprio exercício
físico exige, da disciplina, mas também da forma como se pode valorizar a dimensão
do desporte, a dimensão lúdica, a dimensão da festa, no conjunto da cultura, para
que cultura como acontecia no tempo dos gregos, sobretudo, a poesia também fazia parte,
as bibliotecas estavam integradas, havia todo um respeito pela plenitude do ser humano.
É necessário que o esporte esteja integrado nesta dimensão, porque se valorizou por
muito tempo a dimensão exterior do esporte, com um menosprezo da dimensão interior.
Vemos, até pela crise que se vive em nível de futebol na Itália, por exemplo, vemos
como há tantas vezes uma anti-cultura que também deturpa o sistema. Ao invés de ser
algo que valoriza a plenitude do ser humano, acaba por ser deformante, com a idolatria,
com ‘jogar para a imagem’, e sobretudo com comércio que está por detrás do esporte,
sobretudo do futebol, e que acaba por adulterar o seu sentido mais profundo”.