Prelatura pessoal em vista para reintegração de parte da Fraternidade Sacerdotal São
Pio X
(14/06/12) Na sequência dos contactos existentes desde há anos, entre a Sede Apostólica
de Roma e a chamada “Fraternidade Sacerdotal São Pio X” fundada por D. Marcel Lefèbvre,
entrevê-se agora a criação de uma prelatura pessoal que possa sanar o cisma criado.
Segundo declarou o porta-voz da Santa Sé, comentando os últimos contactos havidos
esta semana, esta estrutura seria o “instrumento mais apropriado neste caso e permitiria
o “reconhecimento canónico” daquela Fraternidade. O superior da fraternidade,
D. Bernard Fellay (foto), recebeu nesta quarta-feira um “projeto de documento” sobre
a prelatura, após um encontro com o prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé,
cardeal William Levada, e outros responsáveis do Vaticano encarregados do acompanhamento
deste processo. Objetivo do encontro foi “apresentar a avaliação da Santa Sé”
a respeito do texto enviado em Abril pela Fraternidade Sacerdotal São Pio X, em resposta
ao preâmbulo doutrinal submetido a 14 de setembro de 2011 pela Congregação para a
Doutrina da Fé, informa um comunicado oficial. O bispo Bernard Fellay “expôs, por
seu lado, a situação atual” da fraternidade e “prometeu dar a conhecer a sua resposta
num prazo razoável”.
O preâmbulo apresentado pelo Vaticano apresenta “certos
princípios doutrinais e critérios de interpretação da doutrina católica necessários
para garantir a fidelidade ao magistério da Igreja”. Entre as questões que separam
as duas partes destacam-se a aceitação do Concílio Vaticano II (1962-1965) e do magistério
pós-conciliar dos Papas em matérias como as celebrações litúrgicas, o ecumenismo ou
a liberdade religiosa.
Recordamos que em março de 2009, Bento XVI enviou uma
carta aos bispos de todo o mundo, para explicar para explicar a remissão das excomunhões
de quatro bispos da Fraternidade São Pio X que tinham sido ordenados pelo arcebispo
Lefèbvre, sem mandato pontifício, no ano de 1988. Na altura, o Papa escreveu que
"enquanto a Fraternidade não tiver uma posição canónica na Igreja, também os seus
ministros não exercem ministérios legítimos na Igreja (...) enquanto as questões relativas
à doutrina não forem esclarecidas, a Fraternidade não possui qualquer estado canónico
na Igreja, e os seus ministros (...) não exercem de modo legítimo qualquer ministério
na Igreja".
Alguns dos bispos da Fraternidade São Pio X têm rejeitado publicamente
a aproximação a Roma. A Santa Sé reafirmou agora que esses outros casos serão tratados
“separada e individualmente”. Após a reunião de quarta-feira, no Vaticano, “fizeram-se
votos de que, graças a este momento suplementar de reflexão, se possa chegar à plena
comunhão da Fraternidade Sacerdotal São Pio X com a Sé Apostólica”.