Fórum católico-ortodoxo conclui-se com mensagem de esperança para a Europa
Lisboa (RV) - "A Europa de hoje está atravessando uma crise gravíssima" e "muitos
europeus sofrem diretamente as conseqüências dessa crise" alimentando "preocupações
em relação a seu futuro". Diante dessa situação, "as nossas Igrejas acolhem e estão
atentas a esses sofrimentos e preocupações. Elas desejam dirigir a seus fiéis e a
todos os europeus uma mensagem de confiança e de esperança. Devemos continuar tendo
confiança na divina Providência e em nossa capacidade de corrigir os erros do passado,
e devemos traçar as linhas de um futuro de justiça e de paz".
É o que se lê
na mensagem final dos participantes do III Fórum católico-ortodoxo que se realizou
em Lisboa – de 5 a 8 do corrente – com o tema "A crise econômica e a pobreza. Desafios
para a Europa de hoje".
O homem – prossegue a mensagem – encontra a sua realização
em Deus, seu Criador e Salvador", mas "sob a influência do processo de secularização
muitos europeus distanciaram-se dessa união constitutiva com Deus, buscando o sentido
da vida somente no horizonte terrestre".
Por isso, "as Igrejas observam que
a crise que estamos atravessando não é somente uma crise econômica. Trata-se de uma
crise não somente moral e cultural, mas, sobretudo, profundamente antropológica e
espiritual".
A sociedade "deve ser organizada de modo a estar sempre a serviço
do homem, e não o contrário". Se os europeus quiserem sair da crise, lê-se na mensagem
final, "devem entender que é necessário mudar estilo de vida".
A crise pode
ser "a ocasião de uma salutar tomada de consciência. Os europeus devem dar um sentido
à atividade econômica partindo de uma visão global, não truncada, da pessoa humana
e da sua dignidade".
"Colocando a pessoa em seu justo lugar, subordinando a
economia aos objetivos de desenvolvimento integral e solidário, abrindo a cultura
à busca do verdadeiro, dando espaço à sociedade civil e à engenhosidade dos cidadãos
que trabalham para o bem-estar de seus contemporâneos, criarão as condições para fazer
emergir um novo tipo de relação com o dinheiro, com a produção e com o consumo."
Nessa
transformação "deve ser concordada uma prioridade ao trabalho. É oportuno privilegiar
as atividades geradoras de emprego. Cada um deve poder viver dignamente, realizar-se
graças ao trabalho e ser solidários com os outros. Toda forma de corrupção e de exploração
deve ser eliminada".
Por isso, o mercado "não deve ser uma força anônima e
cega", mas "requer que seja regulado em função do desenvolvimento integral da pessoa".
Em
seguida, os participantes do Fórum dirigem "uma palavra de encorajamento aos governos
nacionais e aos responsáveis pelas instituições européias em seus esforços voltados
a concretizar um caminho justo e equânime para se sair da crise econômica e financeira,
com uma atenção particular aos países que mais se encontram em dificuldade". (RL)