Pastoral da Criança: missionária brasileira relata desafios nas Filipinas. Ouça!
Cidade do Vaticano (RV) – O Programa Brasileiro
dá continuidade a suas reportagens sobre a Pastoral da Criança Internacional. Conhecemos
o trabalho de voluntários na Guiné-Bissau, na África, no Paraguai, nosso vizinho latino-americano,
e agora vamos à Ásia, para o único país católico do continente: Filipinas.
A
Pastoral da Criança foi implantada nas Filipinas quando chegou ao país a Irmã Terezinha
Kunen, da Congregação Nossa Senhora da Imaculada Conceição de Castres. Ela conta como
foi a experiência, e a resistência que tiveram que enfrentar inclusive dentro da própria
Igreja:
“Começamos em 2004, com muita dificuldade, muita mesmo. Enfrentamos
muitos desafios devido às línguas. Têm o inglês e o tagalo como línguas oficiais,
e existem mais 102 dialetos. Cada região tem o seu dialeto, então foi um desafio muito
grande primeiro por causa da língua, porque a Pastoral da Criança nasceu no Brasil,
então está tudo em português e tivemos que traduzir primeiro todo o material para
o inglês e pedimos aos filipinos que traduzissem em tagalo, que é a língua mais comum
aqui. Depois, começamos a dar seminários, mas com muita dificuldade, porque eles não
entendiam o projeto. Oficialmente, a Igreja aqui não atua na área social, então foi
muito difícil primeiro para a Igreja entender o que era a Pastoral da Criança, pois
diziam que era trabalho do governo. Fomos trabalhando com lideranças, escolhendo líderes,
e hoje está crescendo bastante. Estamos em sete dioceses, com 2658 famílias, 3521
crianças, 168 gestantes e 356 voluntários.”
Falando do aspecto social das Filipinas,
Ir. Terezinha faz uma comparação com o Brasil. A nossa pobreza, disse ela, é riqueza
diante da situação no país:
“É muita pobreza, lidamos muito com a miséria.
E eles têm dificuldade com mudanças, de cabeça, de mentalidade, o asiático em geral
não gosta de muita mudança. Essa foi outra barreira que enfrentamos. E onde iniciamos
a Pastoral da Criança é o lugar mais pobre, em que constantemente tem tufões que destroem
tudo. Eles têm que recomeçar tudo, é um eterno recomeço. E a miséria é constante.
Neste vilarejo, eles vivem do peixe, único meio de sobrevivência. E quando vêm os
tufões eles não têm nada, pois eles vendem o peixe para comprar o arroz. E quando
não tem peixe, não tem peixe nem arroz, que é o prato básico dos filipinos. Quando
tem tufão, eles realmente não têm o que comer.”
Depois de um início difícil,
agora a Pastoral da Criança nas Filipinas está ampliando a sua obra com uma iniciativa
singular, ou seja, uma parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef,
e a Organização Mundial da Saúde, principalmente depois da passagem pelo país do Cardeal
Geraldo Majella Agnelo.
“Ele esteve aqui em novembro e foi um espetáculo, uma
abertura, uma bênção para nós, para as Filipinas. Foi quando se oficializou mesmo
a Pastoral da Criança. O primeiro diretor do Unicef, cinco anos atrás, estava muito
interessando em ajudar a Pastoral e agora visitamos, conversamos pessoalmente com
eles e estão muito interessados. Já nos deram o modelo de convênio, estou só esperando
a tradução do material do português para o inglês para definir a parceria.”
Antes
de chegar às Filipinas, Ir. Terezinha passou por outro país asiático, Timor-Leste,
onde também implantou por lá a Pastoral da Criança. Mas essa história fica para outra
edição, sexta-feira que vem.