Importância e validade do culto eucarístico e do sentido do sagrado: Bento XVI na
missa do Corpo de Deus, seguida da procissão
(07/06/12) Em Roma, nesta quinta-feira, o Papa preside ao fim da tarde, à procissão
eucarística, da basílica de São João de Latrão até à basílica de Santa Maria Maior.
Às 19 horas, em frente a São João de Latrão, a Missa presidida por Bento XVI. Na homilia,
o Papa sublinhou que é importante manter vivo “o sentido da presença constante de
Jesus no meio de nós e conosco, uma presença concreta, próxima… como coração vivo
da cidade”. “O Sacramento da Caridade de Cristo há-de permear toda a vida quotidiana”
– advertiu, com insistência Bento XVI, na Missa do Corpo de Deus, nesta quinta-feira
ao fim da tarde, diante da basílica de São João de Latrão, de onde partiu depois a
procissão eucarística até à basílica de Santa Maria Maior, onde o Papa deu a bênção
do Santíssimo Sacramento a milhares e milhares de fiéis que acompanharam o rito. Bento
XVI abordou dois aspetos do Mistério eucarístico, ligados entre si: o culto da Eucaristia
e a sua sacralidade. Começando por refletir sobre o valor do culto eucarístico, o
Papa deteve-se sobre o sentido e importância da adoração do Santíssimo Sacramento. O
Concílio Vaticano II sublinhou, justamente, a centralidade da celebração. Essa valorização
da assembleia litúrgica permanece válida, mas há que situá-la no seu justo equilíbrio.
A acentuação na celebração eucarística, não deve resultar em detrimento da adoração,
como ato de fé e de oração dirigida ao Senhor Jesus, realmente presente no Sacramento
do altar. Caso contrário, corre-se o risco de esvaziar da sua presença o resto do
tempo e do espaço da existência. “O Sacramento da Caridade de Cristo deve permear
toda a vida quotidiana. / Aliás, é errado contrapor a celebração e a adoração, como
se estivessem em concorrência uma com a outra. É precisamente o contrário: o culto
do Santíssimo Sacramento constitui como que o ambiente espiritual dentro do
qual a comunidade pode celebrar bem e em verdade, a Eucaristia”. ~ Para que
a ação litúrgica possa exprimir todo o seu significado e valor, deve ser precedida,
acompanhada e seguida por uma atitude interior de fé e de adoração.“O encontro com
Jesus na Santa Missa concretiza-se verdadeira e plenamente quando a comunidade está
em condições de reconhecer que Ele, no Sacramento, habita a sua casa, está à nossa
espera, convida-nos para a sua mesa e, depois de se dissolver a assembleia, permanece
conosco, com a sua presença discreta e silenciosa, e acompanha-nos com a sua intercessão”.
Evocando esta celebração pública, numa praça, e a procissão que se lhe segue
pelas ruas, Bento XVI sublinhou que a adoração eucarística constitui uma experiência
bela e significativa, em que todos os fiéis, leigos e clérigos de qualquer grau, permanecem
em pé de igualdade, aos pés de Jesus. “Estar todos em silêncio prolongado diante do
Senhor presente no seu Sacramento, é uma das experiências do nosso ser Igreja, que
acompanha, de modo complementar, a de celebrar a Eucaristia, ouvindo a Palavra de
Deus, cantando, abordando juntos a mesa do Pão da vida.”
O Papa insistiu que
não se podem separar comunhão e contemplação. “Para comunicar verdadeiramente com
uma pessoa, preciso de a conhecer, de saber estar em silêncio junto dela, escutá-la,
olhar para ela com amor”. “O verdadeiro amor e a verdadeira amizade vivem sempre desta
reciprocidade de olhares, de silêncios intensos, eloquentes, cheios de respeito e
de veneração, de modo a viver profundamente o encontro, de modo pessoal, não superficial”. A
concluir a sua homilia, Bento XVI recordou ainda “a sacralidade da Eucaristia”. É
verdade que o centro do culto cristão não está nos ritos e sacrifícios antigos, mas
sim no próprio Cristo, no seu mistério pascal. Contudo, advertiu, Jesus não aboliu
o sagrado, mas levou-o a cumprimento, inaugurando um novo culto, plenamente espiritual.
Em todo o caso, enquanto vivemos no tempo, precisamos ainda de sinais e de ritos.
Graças a Cristo, a sacralidade é mais autêntica, mais intensa, mais exigente. Aliás
- observou - “o sagrado tem uma função educativa”. O seu desaparecimento empobrece
inevitavelmente a cultura, em particular das novas gerações. “Adoremos Cristo como
centro da nossa vida e coração do mundo”.