2012-06-06 18:26:11

Fórum católico-ortodoxo: a economia sem Deus e a lógica cega do consumismo


Lisboa (RV) -"Encontramo-nos diante da alternativa: ou pensar a economia e as finanças como lugares sem espaço para Deus e, portanto, não humanos, ou concebê-los como ocasiões para viver a verdade do Evangelho que anima a sociedade."

Assim se expressou o arcebispo da Arquidiocese da Mãe de Deus de Moscou, Dom Paolo Pezzi, à margem do encontro católico-ortodoxo em andamento em Lisboa sobre o tema da crise econômica e da pobreza na Europa.

"Onde falta uma referência à verdade do Deus amor, o outro – seja ele homem ou povo – é facilmente reduzido a ente econômico interessante somente na medida em que responde à lógica utilitarista da procura e da oferta do mercado", observou Dom Pezzi, acrescentando que "as dramáticas taxas de desemprego de muitos países europeus, as enormes dificuldades de muitos jovens deixados sozinhos pelas políticas estatais e oprimidos pelas dinâmicas do trabalho são os sinais de uma crise que é, em primeiro lugar, espiritual, e depois, econômica e financeira".

Por isso, "a própria interioridade das pessoas encontra-se ferida e enfraquecida", acrescentou o prelado. "Não se pode responder ao empobrecimento da espiritualidade a não ser com um renovado convite à pobreza de espírito", prosseguiu o Arcebispo Pezzi.

"Pobreza de espírito – explicou – significa sair da pretensão de auto-suficiência para abrir-se a Cristo, o único que pode verdadeiramente salvar-nos e realizar a nossa vida. É Cristo quem pode libertar o homem da solidão", recordou.

De fato, a solidão é a primeira forma de pobreza: pobre é o homem sem Deus, pobre é o homem sem família, sem amigos, sem comunidade. "Daí nasce um novo olhar sobre os outros e um novo estilo de vida."

Portanto, cabe hoje aos cristãos a tarefa de trabalhar, como dizia João Paulo II, a fim de "construir estilos de vida nos quais a busca do verdadeiro, do belo e do bom e a comunhão com os outros homens para um crescimento comum sejam os elementos que determinam a escolha dos consumos, das economias e dos investimentos", observou Dom Pezzi. "Somos chamados a educar os homens neste tempo de crise humana e econômica", acrescentou.

"A contribuição comum que a nossa fé pode dar é, então, esse olhar amante do verdadeiro e que atua na caridade, farol de esperança e promoção humana para todos os povos" – concluiu o Arcebispo de Moscou. (RL)







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