"Vocês não estão fora da Igreja": sacerdote comenta palavras do Papa aos separados
e divorciados
Cidade do Vaticano (RV) - Dentre as mensagens mais significativas lançadas
por Bento XVI no VII Encontro Mundial das Famílias – realizado em Milão, norte da
Itália – encontra-se, indubitavelmente, o renovado apoio da Igreja às famílias marcadas
pela experiência de falimento e separação.
Nesse sentido, o Papa convidou as
dioceses a promoverem iniciativas de acolhimento e de proximidade.
A esse propósito,
a Rádio Vaticano entrevistou o responsável pela Pastoral da Família na Diocese de
Albano – região italiana do Lácio – Pe. Carlino Panzeri, há muitos anos engajado no
acolhimento e proximidade aos separados. Eis o que disse sobre os frutos que poderão
nascer dessa exortação do Santo Padre:
Pe. Carlino Panzeri:- "Mais do
que surpreso, fiquei muito contente. Foi um momento muito bonito quando, respondendo
a um casal do Brasil, disse para esses irmãos separados, ou melhor, divorciados e
recasados, que o sofrimento deles é o sofrimento da Igreja. Sobretudo, a consciência
de que estes fiéis católicos são Igreja, não são nem excluídos e nem readmitidos,
e foi maravilhoso que o Papa tenha ressaltado isso."
RV: Após essas palavras
do Papa, o senhor ouviu alguma pessoa que, até mesmo talvez acompanhe espiritualmente,
e que vive uma situação de sofrimento ou divisão?
Pe. Carlino Panzeri:-
"Percebo que essas pessoas acompanham e ouvem com muita atenção, porque quem vive
essa situação, vive uma dor e um sofrimento, mas, sobretudo, vive também uma grande
consciência de ser Igreja. Recordo o que o Papa ressaltou, ou seja, que a dor é verdadeira,
e reside no jejum eucarístico. Mas a dor se encontra, sobretudo, na solidão, suspeitando
que, no entanto, podem ainda estar na Igreja, em particular, inclusive, nas comunidades
cristãs. Foi muito bonito e intenso quando o Papa insistiu sobre a Igreja local entendendo
a paróquia, os movimentos, os grupos e as dioceses: são pessoas que pedem para ser
amadas e aceitas."
RV: Podemos esperar frutos copiosos dessas palavras do
Papa que, ademais, lançam um desafio às dioceses do mundo inteiro pedindo-lhes que
sejam empreendidos novos caminhos e iniciativas?
Pe. Carlino Panzeri:-
"É significativo que o Papa tenha dito que não temos receitas prontas, mas que, em
primeiro lugar, é importante a prevenção, ou seja, a preparação, o acompanhamento
dos esposos nas várias fases da vida conjugal e familiar, em particular, durante os
primeiros anos de casamento. Há o risco de que o matrimônio, o sacramento do matrimônio
se torne, inclusive na Igreja, uma realidade eminentemente privada. Creio que os divorciados
e recasados, até mesmo por experiência, não estejam pedindo favores à Igreja, muito
menos um tratamento de favor. Simplesmente pedem à Igreja que os reconheça como sendo
também eles Igreja." (RL)