Conclui-se o Encontro Mundial das Famílias, Milão volta à normalidade
Milão (RV) – Depois
de três dias em que o coração econômico da Itália se transformou em lar das famílias
do mundo, com a partida do Papa a cidade tenta retomar o seu ritmo normal. Interrompendo
um jejum de 28 anos em que os milaneses não viram um Pontífice, Bento XVI conquistou
os fiéis, atravessando a cidade várias vezes e podendo constatar este carinho pessoalmente.
Para a Igreja, foi sem dúvida um momento belo e intenso.
Igualmente comovente
foi o encontro com o Cardeal Carlo Maria Martini, na tarde de sábado, na sede do Arcebispado.
Apesar da dificuldade de falar do arcebispo emérito de Milão, o Diretor da Sala de
Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, revelou que o momento foi bastante afetuoso.
Como confirmado também na última coletiva à imprensa, mais de 1 milhão e meio de pessoas
viram Bento XVI nos dias de sua visita. E enfim, o anúncio de que o próximo Encontro
Mundial das Famílias será em 2015, e a escolhida é a cidade de Filadélfia, foi explicado
com o critério geográfico. Simplesmente será a vez de se promover o evento no continente
americano.
Com o pensamento voltado ao futuro, Dom João Carlos Petrini, Presidente
da Comissão Episcopal para a Vida e a Família da CNBB lança uma mensagem de encorajamento:
“Bom,
eu quero dizer que vivemos numa etapa difícil da vida, mas ao mesmo tempo, fascinante.
Há aspectos de dificuldade porque a realidade é complicada, é agressiva, mas é fascinante
porque circunstâncias externas nos provocam, então a pessoas tem que estar viva para
não ficar perdida, para não ser “Maria vai com as outras”. E este é um aspecto que
considero interessante. Na época dos meus avós, dos meus pais, era óbvio que um homem
se realizasse constituindo sua família, que uma mulher se realizasse constituindo
a sua, gerando filhos e dedicando-se para educá-los. Hoje isto não é mais óbvio. E
necessário utilizar a cabeça para pensar: que oportunidades de vida existem, quais
são mais convenientes, como eu quero ser feliz, de maneira quero realizar a minha
humanidade. Acredito que não há caminho melhor do que chegar a conclusão que o melhor
modo de realizar a própria humanidade e ser feliz com dignidade é fazer dom da própria
vida para o bem de outros, ou na vida de família, ou como Madre Teresa de Calcutá,
mas esta ideia de que um individualismo nos oferece mais oportunidades, antes o meu
interesse e depois o resto, é na realidade um caminho tão miserável que acaba desaguando
em situações desumanas, que não valem a pena. O que desejo para o mundo é que reencontre
o caminho de Jesus e do Evangelho para viver com grandeza de coração o grande ideal
que permite viver com dignidade e beleza. Na base de tudo está o amor, e não tem outro
jeito. Não adianta inventar a roda porque ela já foi inventada”.
Neste momento
em que a família está no centro da atenção da Igreja, um pensamento deve ser também
dirigido às pessoas sós, que perderam suas famílias, que foram divididas das suas
por causa de guerras ou em fuga de situações de conflito. Há também a solidão de quem,
por tantas razões, não constituiu uma família. A eles, o Cardeal Odilo Scherer, Arcebispo
de São Paulo, envia a sua mensagem:
“Naturalmente existe cada vez mais este
fenômeno de pessoas sós, apesar de tão grande ser a multidão e de tantos modos de
comunicar. É um fenômeno que merece ser estudado profundamente para ver como se pode
superar as causas da solidão. Eu diria às pessoas sós que não se fechem em sua solidão.
Existe sempre um modo de continuar em comunhão, em comunidade, e não se sentindo sós,
porque a comunidade humana, no conjunto, é também uma grande família, e nela existem
muitas agregações, modos de sentir-se em família. Para nós, a Igreja é a grande família,
formada de grandes famílias, grupos, onde as pessoas não precisam necessariamente
sentir-se sós. a solidão, portanto, pode ser superada através de uma maior participação
nas atividades comunitárias, vivendo a vida numa dimensão solidária, ao invés de viver
a vida dentro de uma dimensão de solidão”.