Milão
(RV) – Bento XVI fará, a partir desta sexta-feira, a visita mais longa de um Papa
a uma cidade italiana (três dias inteiros e duas noites), e Milão acolherá uma grande
festa, para católicos e não-católicos. E é por isso que as exigências de segurança
que a visita requer devem se conciliar com a acessibilidade das pessoas ao Pontífice.
Todos querem vê-lo de perto. Fácil, na teoria, mas na prática...
No território,
para garantir a tranquilidade de todos, estarão 15 mil agentes (policiais, carabineiros,
guardas do corpo de bombeiros e até da defesa civil), além de 6 mil voluntários. Mas
como administrar os cerca de 1 milhão de fiéis aguardados? É esta a questão que mais
preocupa as autoridades e os próprios habitantes, até porque quatro mil ônibus de
turismo circularão na cidade a partir de amanhã.
É natural a expectativa
por esta visita de Bento XVI a Milão. Passaram-se 28 anos desde que João Paulo II
esteve aqui, em novembro de 1984, para o IV centenário da morte de São Carlos. Mas
esta cidade presenteou a Igreja com vários papas: Pio XI, Cardeal Achille Ratti, era
arcebispo quando foi eleito Sumo Pontífice em janeiro de 1922. O Cardeal Giovanni
Battista Montini - Papa Paulo VI - sucedeu João XXIII em junho de 1963, tendo deixado
Milão para o conclave e não mais voltar. Antes de João Paulo II, a história recorda
somente a visita de Martinho V, em 1418.
No entanto, a Arquidiocese de Milão
continua a desempenhar um papel significativo no âmbito da Igreja, não apenas italiana.
Para citar um exemplo, recordamos o Cardeal-arcebispo, o jesuíta Carlo Maria Martini,
grande interlocutor com o mundo laico e com o judaísmo. Seus projetos de diálogo produziram
frutos indeléveis para o cristianismo.
Aos quase cinco milhões de fiéis desta
diocese, somam-se nestes dias milhares de católicos de dioceses remotas, pequenas,
e muitas vezes, sem tantos recursos.
Heraldo Viegas, natural de São Tomé,
residente na Inglaterra, veio ao VII EMF com a família, composta pela esposa, que
é polonesa, e dois bebês. Ele nos fala da especificidade da instituição familiar em
seu continente:
“O valor familiar na África é mais preservado. A família é
mais unida do que na Europa, onde a família está caminhando para um rumo onde as famílias
se separam e se destroem, portanto, é importante este EMF, que pode ajudar a mim e
a minha família a melhorar. Mesmo que não tenhamos grandes problemas, pode nos ajudar
a resolvê-los, se vier algum”.
Heraldo explica que só a conversa pode ajudar,
nos momentos de crise:
“Graças a Deus, nós usamos o grande mecanismo da comunicação.
Nós falamos muito. Quando há algum problema, não discutimos nem gritamos, mas falamos.
É falando que nos entendemos. É falando que a gente se entende, né?”.
Continuando
na África, passamos ao jornalista Alírio Cabral Gomes, da Diocese de Santiago, em
Cabo Verde, segundo o qual, as famílias africanas de língua portuguesa mantêm um intercâmbio
de culturas e de religiosidade:
“Sei que estão aqui Angola, São Tomé, Moçambique.
Está aqui também uma delegação da Guiné-Bissau. Ontem estivemos em um intercâmbio.
Pena que devido ao conflito que se registra ainda em Bissau, apenas 7 pessoas daquele
país puderam vir participar e representar o país. Creio que as dioceses de Bissau
e Cabo Verde e de outros países de língua portuguesa, em nível de CPLP, estão bem
representados. Há um forte intercâmbio de culturas e de religiosidade, de troca de
experiências, sobretudo entre as famílias de Cabo Verde e de outros países”.
Como
você está descrevendo para a imprensa cabo-verdiana o EMF?
“Com um pouco de
ansiedade. É difícil separar o ser jornalista e participante destes encontros, que
são uma grande oportunidade e uma grande benção. Estar aqui em Milão é uma oportunidade
ímpar como católico, como marido, por estar com minha esposa compartilhando esta experiência,
e como repórter, em poder informar a Cabo Verde o que está acontecendo aqui. Enviamos
diariamente de 3 a 4 textos, além de fotos e vídeos, relatando esta experiência. Desde
o aeroporto de Praia já começamos a informar, sobretudo sobre a presença de Cabo Verde
e dos outros países de língua portuguesa”.
De Milão, Cristiane Murray, para
a Rádio Vaticano.