FAO quer cooperativas como aliadas no combate à fome e à pobreza
Roma
(RV) - Cooperar em agricultura hoje significa não só criar uma empresa de propriedade
comum que é gerida democraticamente. Para a Organização das Nações Unidas para a Agricultura
e Alimentação (FAO), as cooperativas têm o potencial de promover o crescimento econômico
de inteiras regiões, contribuindo para combater a fome e reduzir a pobreza.
Dentro
das iniciativas do Ano Internacional das Cooperativas foram nomeados, nesta terça-feira
em Roma, os novos embaixadores especiais para as cooperativas: Elisabeth Atangana,
de Camarões e Roberto Rodrigues, do Brasil. Rodrigues defende que as cooperativas
podem atenuar as consequências da exclusão social e concentração de renda.
“As
cooperativas são um instrumento de inclusão social. Portanto, na agricultura e em
qualquer setor de atividade econômica as cooperativas são inclusivas, juntando pequenos
transformando-os em seu conjunto num grande. Tem uma hora que isso mitiga a concentração
e abriga os excluídos numa posição melhor”.
Informação
Rodrigues
destacou ainda a iniciativa da FAO em criar um setor específico que vai ajudar os
pequenos agricultores a formar seus núcleos cooperativistas nos países em desenvolvimento. Por
sua vez, o diretor geral da FAO, José Graziano da Silva destacou que os dois novos
embaixadores representam continentes onde a expansão do cooperativismo é muito necessária.
“Os novos embaixadores são pessoas conhecidas mundialmente e provêm de dois
segmentos completamente distintos: Rodrigues é ligado à Aliança das Cooperativas Mundiais
que reúne grandes empresas cooperativas dedicadas sobretudo ao tema da comercialização
da produção em nível internacional. Por outro lado, Elisabeth Atangana vem do movimento
dos pequenos fazendeiros que se dedica basicamente à organização da produção destes
pequenos para que eles possam ter acesso a maquinário e melhores insumos para a produção.
São dois segmentos fundamentais do cooperativismo”.
Rio +20
Graziano
destacou também o momento decisivo que será o encontro no Rio de Janeiro para unificar
duas grandes agendas do futuro da humanidade: o desenvolvimento e a erradicação da
fome. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável está marcada
para 20 a 22 de junho.
“Acreditamos que essas duas agendas são fundamentais
literalmente para a sobrevivência e paz da humanidade no futuro. Seja porquê preservam-se
os recursos para as gerações futuras, seja porquê incorpora aqueles excluídos da atual
geração e que comprometem também o futuro das suas gerações”.
América Latina
A
Presidente da Costa Rica, Laura Miranda, que nesta segunda-feira foi recebida por
Bento XVI, também participou da apresentação dos novos embaixadores. Ela acredita
que o cooperativismo representa o futuro para os pequenos agricultores.
“É
quase a única opção que se tem se queremos preservar as pequenas propriedades e a
pequena unidade econômica. No fundo, é o que gera maior bem-estar e democracia, econômica
e social para nações. Isso porque em nível individual é muito difícil que possam competir
com os custos das transferências tecnológicas, os custos para enfrentar as mudanças
climáticas e os custos do acesso ao crédito para produção em escala. A única maneira
que eles têm para competir com as grandes propriedades é, precisamente, associando-se
ao modelo cooperativo”.