A experiência brasileira na construção da paz. Ouça entrevista!
Cidade do Vaticano (RV) – Novos desafios para os católicos na construção da
paz. Este é o título de um Seminário promovido pelo Pontifício Conselho da Justiça
e da Paz nesta terça e quarta-feira na sede da instituição, em Roma.
Líderes
católicos oriundos de regiões em conflito discutirão meios para restabelecer a paz
e reconciliar grupos contrapostos.
“No Sudão, no Oriente Médio, na América
Central, no Congo, na Colômbia e nas Filipinas, a Igreja Católica representa uma força
fundamental para a paz, a liberdade, a justiça e a reconciliação”, afirma o Presidente
do Pontifício Conselho, Cardeal Peter Turkson. “Mas essa impressionante e corajosa
consolidação da paz muitas vezes permanece desconhecida, insuficientemente analisada
e apreciada”, completa.
Antecipando os 50 anos da Encíclica Pacem in terris,
do Papa João XXIII, este Seminário espera obter dois resultados: contribuir para uma
melhor cartografia e análise das principais práticas católicas de consolidação da
paz contemporâneas efetuadas de diversas maneiras e em diversos níveis da sociedade;
e extrair da Pacem in terris os ensinamentos que podem inspirar a pesquisa
da teologia católica, a ética, a prática e a espiritualidade de consolidação da paz.
O
evento é organizado em parceria com a Caritas Internacional e outras instituições.
Participam do seminário Cardeais, Arcebispos e especialistas no setor, como o Arcebispo
de Gulu, em Uganda, Dom John Baptist Odama, o de Kisangani, na República Democrática
do Congo, Dom Marcel Utembi Tapa.
A Caritas Brasileira também está representada,
com o Presidente, Dom Flávio Giovenale, Bispo de Abaetetuba (PA), e a Diretora-Executiva
Nacional, Maria Cristina dos Anjos. Entrevistada pelo Programa Brasileiro, Cristina
fala que embora não exista um conflito latente no Brasil, a experiência do seminário
pode ser útil para enfrentar a violência na realidade brasileira:
“Na verdade,
vamos mais conhecer o que há de boas práticas nessa linha de diálogo de construção
de paz, seja na Colômbia, Bangladesh e outros países. Nós vamos muito mais aprender,
trazendo também as nossas reflexões na medida em que tivermos e visualizarmos algum
acúmulo nosso nessa área. O Brasil não enfrenta concretamente experiências onde esse
diálogo de construção de paz seja crucial. Embora o que a gente perceba é que hoje
o narcotráfico no país, o número de jovens que são mortos na favela também por causa
do tráfico, nos chama e nos desafia a avançar neste diálogo de reconstrução de paz.
Não é um enfretamento de guerrilhas, de grupos étnicos, é diferente. Há uma violência
no país cotidiana e grande e que às vezes você não percebe o quanto o fato é violento.
Mas nós entendemos que é necessário ter um olhar para esta realidade, principalmente
para a questão dos jovens, e perceber de que maneira, com outros organismos como Justiça
e Paz no Brasil, podemos nos ajudar e ajudar esses jovens a enfrentar essa realidade.”