2012-05-26 11:10:15

Editorial: O valor da solidariedade


Cidade do Vaticano (RV) – RealAudioMP3 Vivemos e sentimos particularmente aqui na Europa, na Itália, as consequências da atual crise econômica que atinge de modo consistente países que outrora foram porto seguro para milhares de pessoas mudarem de vida e terem esperança em um futuro melhor. São milhões as famílias européis que hoje devem recalcular seu orçamento para fechar o mês, e muitas delas não conseguem, dando vida assim a um exército de novos pobres. Governos tentam fazer com que a roda da amargura, do espectro da pobreza endêmica se dissipe na suas manobras e pacotes – basta pensar na Grécia – mas ainda estamos longe de sair daquele túnel cuja luz é ainda muito fraca.

Neste universo de novos pobres emege com mais consistência a presença das organizações humanitárias, aquelas que uma vez só se ocupavam dos pobres das periferidas dos países chamados do “terceiro mundo”. Esse terceiro mundo agora começa se fazer presente em terras do “primeiro mundo”. Mas o dilema que nasce com essa situação é que também as organizações humanitárias padecem a crise mundial e consequentemente sua atuação junto aos pobres do planeta fica debilitada. Os dados são eloquentes; estão diminuindo as entradas, os financiamentos, sobretudo daqueles países ricos que hoje devem também administrar o problema dos novos pobres dentro de casa. A diminuição de fundos de organizações humanitárias, como por exemplo a Caritas da Igreja Católica se repercute na diminuição de financiamentos para novos projetos e apoio a realidades que existem somente porque a Caritas esta presente.

Neste universo de novas preocupações, todavia, evidencia-se uma nova realidade tangível, perceptível, o aumento da solidariedade do povo, das pessoas individualmente. Talvez, vivendo na própria pele uma crescente pobreza ou observando de perto a pobreza, as pessoas se sentem mais responsáveis pelo outro e pelos seus sofrimentos; aumenta assim, quando diminui a riqueza, o índice de solidariedade.

No início deste ano, quando recebeu no Vaticano os administradores da Região do Lácio, onde se encontra Roma, Bento XVI afirmou que a atual crise econômica e financeira global pode se tornar uma ocasião para a promoção de uma “verdadeira renovação da sociedade” que defenda o bem integral da pessoa. Em outras palavras, a criação de uma sociedade mais justa, equitativa e solidária. Solidariedade é a chave de tudo, pois dá à sociedade um rosto mais humano.

A crise, certamente tem raízes também no egocentrismo de ações pensadas somente no proveito próprio, em detrimento a uma ação centralizada no homem. O olhar é quase sempre superficial marginalizando situações de pobreza extrema.

A situação atual que atinge também organismos como a Caritas e o seu trabalho diretamente com os mais necessitados, concede a oportunidade a cada um de nós de fazer a sua parte, sendo solidários com quem está ao nosso lado e vive momentos de dificuldade. Uma oportunidade única para vivermos a experiência dos primeiros cristãos que colocavam tudo em comum e se preocupavam com todos. Uma oportunidade de renovação da fé, de nova evangelização, de um novo homem. É o momento de valorizar a solidariedade, uma exigência nos nossos dias. (Silvonei José)







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