Nova Evangelização: "Evangelii Nuntiandi" e o chamado de Paulo VI ao fervor da evangelização
Cidade do
Vaticano (RV) - Amigo ouvinte, eis-nos de volta ao nosso encontro de todas as
semanas neste espaço dedicado à nova evangelização. Como ressaltado mais vezes, a
nova evangelização estará no centro da próxima Assembléia Geral Ordinária do Sínodo
dos Bispos, a realizar-se, no Vaticano, de 7 a 28 de outubro de 2012, com o tema "A
nova evangelização para a transmissão da fé cristã".
Lançando um olhar para
o desafio da nova evangelização para a Igreja do terceiro milênio, temos procurado
nos aproximar da temática fazendo uma breve revisitação a alguns documentos magisteriais
pertinentes à ação evangelizadora da Igreja, recorrendo ao rico patrimônio de que
dispomos – a partir do Concílio Vaticano II.
Nesse sentido, na edição passada
concluímos nossa revisitação à exortação apostólica "Evangelii Nuntiandi". Fruto do
Sínodo dos Bispos sobre a evangelização, o Papa Paulo VI a escreveu após 10 anos do
Decreto conciliar "Ad gentes". Paulo VI fala dos "tempos novos da evangelização",
prefigurando a "nova evangelização" tão auspiciada por João Paulo II, e hoje fortemente
impulsionada por Bento XVI.
Efetivamente, publicada no dia 8 de dezembro de
1975, nesta exortação, o Servo de Deus Paulo VI recolheu os resultados da Terceira
Assembléia Geral do Sínodo dos Bispos, realizada de 27 de setembro a 26 de outubro
de 1974, dedicada ao tema "A evangelização no mundo moderno".
Antes de prosseguirmos,
queremos retomar, a título de conclusão, as três perguntas com as quais o Papa Paulo
VI introduz a sua exortação apostólica. De fato, o texto na introdução parte de três
perguntas:
4. "Esta fidelidade a uma mensagem da qual nós somos os servidores,
e às pessoas a quem nós a devemos transmitir intacta e viva, constitui o eixo central
da evangelização, Ela levanta três problemas candentes, que o Sínodo dos Bispos de
1974 teve constantemente diante dos olhos: O que é que é feito, em nossos dias, daquela
energia escondida da Boa Nova, suscetível de impressionar profundamente a consciência
dos homens? Até que ponto e como é que essa força evangélica está em condições de
transformar verdadeiramente o homem deste nosso século? Quais os métodos que hão de
ser seguidos para proclamar o Evangelho de modo a que a sua potência possa ser eficaz? Tais
perguntas, no fundo, exprimem o problema fundamental que a Igreja hoje põe a si mesma
e que nós poderíamos equacionar assim: Após o Concílio e graças ao Concílio, que foi
para ela uma hora de Deus nesta viragem da história, encontrar-se-á a Igreja mais
apta para anunciar o Evangelho e para o inserir no coração dos homens, com convicção,
liberdade de espírito e eficácia? Sim ou não?"
Como se pode constatar,
amigo ouvinte, são questionamentos incisivos do Papa Paulo VI num documento de quase
40 anos, que conserva toda a sua atualidade, questionamentos aos quais vale a pena
retornar para uma ulterior reflexão considerando também o Sínodo dos Bispos de outubro
próximo sobre a nova evangelização, ocasião em que toda a Igreja se reunirá, através
de seus bispos provenientes do mundo inteiro, para, justamente, refletir e debater
em vista de uma resposta ao desafio da nova evangelização para a Igreja no terceiro
milênio.
E a título de conclusão, vale lembrar – como vimos ao longo de nossa
revisitação ao documento magisterial em questão – alguns dos pontos que é bom termos
bem claro no que tange à ação evangelizadora da Igreja:
a) tudo aquilo que
a Igreja faz é evangelização; e quando nos ocupamos dos sujeitos da evangelização,
vimos que o sujeito fundamental da evangelização é a Igreja como tal;
b) de
fato, vimos que a obra humana deve ser considerada instrumental. Efetivamente, é o
Espírito Santo que, de certo modo, expande a si mesmo no mundo quando evangeliza;
c)
vimos que a evangelização é um ato teologal obra do Espírito Santo. De fato, é o Espírito
Santo que faz discernir os sinais dos tempos, que vivifica as testemunhas; vimos que
ser testemunha significa ter a experiência da fé: e isso requer um testemunho que
acolhe as dinâmicas da cotidianidade;
d) vimos que tudo na Igreja deve ter
como centro Jesus Cristo, único salvador.
Por fim, retomemos algumas de nossas
considerações finais às palavras com as quais o Papa Paulo VI conclui sua exortação
apostólica:
Paulo VI nos chama ao fervor na evangelização. Com medo de propor
uma verdade, não se evangeliza. O Papa Montini recorda que evangelizar é um ato de
caridade. Se Cristo é o Salvador do mundo, então o homem tem o direito de o saber.
Deus
oferece a sua salvação a todos os homens, mas isso não nos exime de evangelizar. O
anúncio não é um impor. O ato de fé – sendo estruturalmente livre – jamais pode ser
imposto, seria uma negação da própria fé.
Amigo ouvinte, por hoje nosso tempo
já acabou. Semana que vem tem mais, se Deus quiser! (RL)