2012-05-25 19:36:43

Nova Evangelização: "Evangelii Nuntiandi" e o chamado de Paulo VI ao fervor da evangelização


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Cidade do Vaticano (RV) - Amigo ouvinte, eis-nos de volta ao nosso encontro de todas as semanas neste espaço dedicado à nova evangelização. Como ressaltado mais vezes, a nova evangelização estará no centro da próxima Assembléia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, a realizar-se, no Vaticano, de 7 a 28 de outubro de 2012, com o tema "A nova evangelização para a transmissão da fé cristã".

Lançando um olhar para o desafio da nova evangelização para a Igreja do terceiro milênio, temos procurado nos aproximar da temática fazendo uma breve revisitação a alguns documentos magisteriais pertinentes à ação evangelizadora da Igreja, recorrendo ao rico patrimônio de que dispomos – a partir do Concílio Vaticano II.

Nesse sentido, na edição passada concluímos nossa revisitação à exortação apostólica "Evangelii Nuntiandi". Fruto do Sínodo dos Bispos sobre a evangelização, o Papa Paulo VI a escreveu após 10 anos do Decreto conciliar "Ad gentes". Paulo VI fala dos "tempos novos da evangelização", prefigurando a "nova evangelização" tão auspiciada por João Paulo II, e hoje fortemente impulsionada por Bento XVI.

Efetivamente, publicada no dia 8 de dezembro de 1975, nesta exortação, o Servo de Deus Paulo VI recolheu os resultados da Terceira Assembléia Geral do Sínodo dos Bispos, realizada de 27 de setembro a 26 de outubro de 1974, dedicada ao tema "A evangelização no mundo moderno".

Antes de prosseguirmos, queremos retomar, a título de conclusão, as três perguntas com as quais o Papa Paulo VI introduz a sua exortação apostólica. De fato, o texto na introdução parte de três perguntas:

4. "Esta fidelidade a uma mensagem da qual nós somos os servidores, e às pessoas a quem nós a devemos transmitir intacta e viva, constitui o eixo central da evangelização, Ela levanta três problemas candentes, que o Sínodo dos Bispos de 1974 teve constantemente diante dos olhos: O que é que é feito, em nossos dias, daquela energia escondida da Boa Nova, suscetível de impressionar profundamente a consciência dos homens? Até que ponto e como é que essa força evangélica está em condições de transformar verdadeiramente o homem deste nosso século? Quais os métodos que hão de ser seguidos para proclamar o Evangelho de modo a que a sua potência possa ser eficaz?
Tais perguntas, no fundo, exprimem o problema fundamental que a Igreja hoje põe a si mesma e que nós poderíamos equacionar assim: Após o Concílio e graças ao Concílio, que foi para ela uma hora de Deus nesta viragem da história, encontrar-se-á a Igreja mais apta para anunciar o Evangelho e para o inserir no coração dos homens, com convicção, liberdade de espírito e eficácia? Sim ou não?"

Como se pode constatar, amigo ouvinte, são questionamentos incisivos do Papa Paulo VI num documento de quase 40 anos, que conserva toda a sua atualidade, questionamentos aos quais vale a pena retornar para uma ulterior reflexão considerando também o Sínodo dos Bispos de outubro próximo sobre a nova evangelização, ocasião em que toda a Igreja se reunirá, através de seus bispos provenientes do mundo inteiro, para, justamente, refletir e debater em vista de uma resposta ao desafio da nova evangelização para a Igreja no terceiro milênio.

E a título de conclusão, vale lembrar – como vimos ao longo de nossa revisitação ao documento magisterial em questão – alguns dos pontos que é bom termos bem claro no que tange à ação evangelizadora da Igreja:

a) tudo aquilo que a Igreja faz é evangelização; e quando nos ocupamos dos sujeitos da evangelização, vimos que o sujeito fundamental da evangelização é a Igreja como tal;

b) de fato, vimos que a obra humana deve ser considerada instrumental. Efetivamente, é o Espírito Santo que, de certo modo, expande a si mesmo no mundo quando evangeliza;

c) vimos que a evangelização é um ato teologal obra do Espírito Santo. De fato, é o Espírito Santo que faz discernir os sinais dos tempos, que vivifica as testemunhas; vimos que ser testemunha significa ter a experiência da fé: e isso requer um testemunho que acolhe as dinâmicas da cotidianidade;

d) vimos que tudo na Igreja deve ter como centro Jesus Cristo, único salvador.

Por fim, retomemos algumas de nossas considerações finais às palavras com as quais o Papa Paulo VI conclui sua exortação apostólica:

Paulo VI nos chama ao fervor na evangelização. Com medo de propor uma verdade, não se evangeliza. O Papa Montini recorda que evangelizar é um ato de caridade. Se Cristo é o Salvador do mundo, então o homem tem o direito de o saber.

Deus oferece a sua salvação a todos os homens, mas isso não nos exime de evangelizar. O anúncio não é um impor. O ato de fé – sendo estruturalmente livre – jamais pode ser imposto, seria uma negação da própria fé.

Amigo ouvinte, por hoje nosso tempo já acabou. Semana que vem tem mais, se Deus quiser! (RL)







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