Egito: 50 milhões de eleitores escolhem novo presidente
Alexandria, (RV) – “Um evento histórico particular, para o Egito, que, talvez
pela primeira vez em sua história, poderá escolher livremente seu presidente”. Com
estas palavras Dom Botros Fahim Awad Hanna, bispo auxiliar copta-católico de Alexandria,
saúda com satisfação o voto que dará ao Egito o primeiro presidente do pós-Mubarak.
As urnas foram abertas nesta quarta-feira, 23, e serão fechadas nesta quinta-feira
para mais de 50 milhões de eleitores que devem escolher o novo presidente entre 12
candidatos.
“No passado – afirma o bispo em entrevista – as eleições presidenciais
eram de alguma maneira direcionadas, quase uma formalidade. Desta vez o povo pode
escolher entre um leque de doze candidatos no segredo da urna. Acredito que seja fruto
da revolução da Praça Tahrir”. No entanto, o prelado não esconde algumas preocupações:
“Não estamos ainda acostumados com a democracia, existe certa preocupação entre as
pessoas porque o futuro é incerto, mas existe também a consciência de que está nas
mãos do povo escolhendo um novo presidente”.
“Medo que se percebe de modo
particular as minorias que temem que os islâmicos ocupem todos os centros de poder
no Egito, e portanto, destaca o bispo, também a presidência. Existe um setor islâmico
integralista, com o risco de colocar em jogo a própria identidade do Egito”. Em relação
ao voto dos cristãos, Dom Hanna esclarece que a Igreja católica não fez nenhuma indicação
de voto, mas só o convite a considerar “os valores fundamentais para a escolha do
candidato”.
Previsível um apoio cristão aos candidatos liberais como Amr Moussa
ou Ahmed Shafig, afirmam algumas fontes no Cairo que pediram o anonimato por razões
de segurança; “não se deve excluir que uma parte do voto copta-ortodoxo” possa ir
também ao islâmico moderado Abulfutuh, “numa espécie de autodefesa, quase para dizer:
estou com os islâmicos para evitar problemas futuros”.
Grandes são as esperanças
nestas eleições que, se espera, sejam as mais críveis e transparentes dos últimos
60 anos na história do País. Imponente o esquema de segurança para garantir o livre
trabalho de 14.500 juízes eleitorais e 65 mil funcionários da Comissão eleitoral para
seguir o processo.
Como observadores estão presentes também 49 organizações
locais e estrangeiras, entre as quais o Carter Center do ex-Presidente dos EUA, Jimmy
Carter. (SP)