2012-05-24 18:10:37

Dom Vegliò participa de debate sobre a situação das mulheres migrantes


Roma (RV) – Na manhã desta quinta-feira, o Centro de Estudos Americanos hospedou um encontro sobre o tema “Construir pontes de oportunidades: mulheres e migrações”. O evento foi uma iniciativa do Embaixador dos Estados Unidos junto à Santa Sé, Miguel Diaz, e contou com a participação do Presidente do Pontifício Conselho para os Migrantes e Itinerantes, Cardeal Antonio Maria Vegliò.

Os debates giraram em torno das questões relativas à vulnerabilidade das mulheres migrantes, e o Cardeal Vegliò, em seu discurso, pôs ênfase no papel da Igreja e seu trabalho com a questão da migração feminina forçada. Destacou, inicialmente, a coragem, a criatividade e o espírito de iniciativa com que as mulheres enfrentam as situações que se apresentam.

Conforme afirma o Cardeal, “elas crêem com todo o coração que o futuro possa oferecer mudanças e possibilidades e têm confiança na reconstrução das suas vidas”. “Se vê pelos seus sorrisos - mostra Dom Vegliò -, que parecem dizer ”.

O purpurado lembra que, contudo, cada uma delas viveu uma situação trágica de brutalidade, violência e experiências traumáticas. Dom Vegliò ressaltou que “hoje, a maior parte dos conflitos no mundo são constituídos de guerra civil, na qual os cidadãos representam mais de 80% dos mortos”. E dentre os civis obrigados a abandonar suas casas, a maioria são mulheres.

O Cardeal traz o dado de que, atualmente, 43 milhões de pessoas vivem longe de suas casas por motivos de guerra ou violações de Direitos Humanos. Destas, 80% são mulheres, crianças e jovens. “Mulheres e meninas se tornam alvo de numerosos conflitos, raptos e brutalidades”, insistiu o purpurado, acrescentando que o objetivo é desumaniza-las, destruir a vida cotidiana das comunidades e criar o pânico. As mulheres são violentadas, obrigadas à escravidão sexual. O estupro é utilizado como arma de guerra, em uma tentativa de destruir e desestabilizar a cultura adversária, com os objetivos finais de genocídio e controle do território.

O Cardeal o Vegliò falou também sobre as mulheres que vivem nos campos de refugiados. Ele ressalta que a permanência nesses locais é de 17 anos em média. Crianças nascem e se tornam adultos ali, minando suas esperanças de futuro.

Ficam poucas alternativas. As que se estabelecem nas áreas rurais estão desprotegidas e correm risco de violência quando se afastam para recolher lenha para o fogo ou água. As que restam em área urbanas permanecem em condições de absoluta pobreza e têm de disputar trabalho, serviços sociais e infra-estrutura, o que fica muito difícil quando não se tem a situação civil legalizada.

Teoricamente, a normativa internacional em matéria de Direitos Humanos e Humanitário garante aos refugiados o acesso aos bens de primeira necessidade, como alimento, abrigo, vestuário e tratamento médico, mas também o direito ao trabalho e à livre circulação. Na prática, isso não se verifica.

Sobre as organizações que se ocupam dos refugiados mantidas pela Igreja, o Cardeal Vegliò citou a Jesuit Refugee Service, a Comissão Católica Internacional para as Migrações, as Caritas locais, as Comissões Episcopais e os representantes da Caritas Internationalis. Elas estão presentes nos territórios onde há refugiados e dão assistência variada, preparando os assentamentos, ocupando-se das necessidades físicas, psicológicas e psico-sociais das mulheres e das meninas, inclusive organizando programas de reinserção social e econômica.

O Presidente do Pontifício Conselho para os Migrantes e Itinerantes alertou ainda para o que podem esconder os produtos de baixo custo oferecidos hoje no mercado, ou seja, o trabalho forçado resultante do tráfico de seres humanos. Nesses casos, a Igreja atua com a Rede Internacional da Vida Consagrada contra o Tráfico de Pessoas em 82 países, além da Coatnet, que, em 30 países, reúne organizações cristãs contra o tráfico de seres humanos que atuam sob a autoridade jurídica da Caritas Internationalis. (ED)








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