Liberdade consciência e religião: Editorial do Padre F. Lombard:
“Os bispos canadianos
publicaram uma importante Carta pastoral “sobre a liberdade de consciência e de religião”.
É mais um apelo, de valência não apenas local, à importância de temas que se tornaram
cruciais para o testemunho e empenho dos crentes e da comunidade da Igreja no nosso
tempo. Conhecemos bem como o Papa tem recordado e aprofundado estes temas nas suas
intervenções, como por exemplo nas mensagens para a Jornada da Paz e nos discursos
ao Corpo Diplomático.
São dois os principais aspetos desta questão. Antes
de mais, a violação explícita dos direitos. Um estudo recente pôs em destaque que
“mais de 70 % dos países do mundo impõem restrições jurídicas ou administrativas que,
na prática, anulam os direitos dos indivíduos crentes ou dos grupos religiosos”. Outro
Relatório afirma que “hoje em dia mais de 75 % das perseguições religiosas no mundo
dizem respeito aos cristãos”.
Mas há também outro aspeto mais insidioso e
subtil, o de um relativismo que se torna tão agressivo a ponto de rebelar-se (como
recordava o Papa) “contra as pessoas que digam saber onde está a verdade ou o sentido
da vida”. Este segundo aspeto é cada vez mais sensível nas sociedades ocidentais e
não é por acaso que , para além do intenso debate hoje em curso, sobretudo nos Estados
Unidos, no campo da saúde, se venha agora juntar o documento canadiano, que enfrenta
o tema com equilíbrio, profundidade e amplidão de horizontes. Propõe-se - reafirmar
o direito da religião a intervir na esfera pública, - preservar as corretas relações
entre Igreja e Estado, - formar as consciências na verdade objetiva, e – proteger
o direito à objeção de consciência.
Os crentes e a Igreja não procuram senão
o bem comum, e devem poder fazê-lo sem que sofram violência a própria consciência
e a própria fé. É isto que está em jogo nestes tempos, em que nos confrontamos com
situações culturais e sociais diferentes e novas. O Papa ajuda-nos a trabalhar em
profundidade, em diálogo aberto e construtivo com o nosso tempo. Disso são exemplos
luminosos os seus grandes discursos no Westminster Hall de Londres e no Parlamento
de Berlim. Prossigamos neste caminho.