2012-05-18 17:38:37

Bento XVI a bispos estadunidenses: nossa fidelidade ao Evangelho pode nos custar caro


Cidade do Vaticano (RV) - Apoio à imigração, fidelidade ao Evangelho – apesar do preço a ser pago – e proximidade às pessoas consagradas: foi esse, em síntese, o sentido do discurso do Papa, ao meio-dia desta sexta-feira, a 15 bispos de rito oriental da Conferência Episcopal dos EUA, em visita "ad Limina". Com esse encontro concluíram-se seis meses de visitas qüinqüenais dos bispos estadunidenses.

Tratou-se de um encontro com os bispos das diferentes Igrejas orientais presentes nos EUA, que encarnam "de modo único a riqueza étnica, cultural e espiritual" da comunidade católica estadunidense, do presente e do passado.

Historicamente - recordou Bento XVI –, a Igreja nos EUA "lutou para reconhecer e integrar" tal diversidade e conseguiu, "com dificuldades", no forjar uma comunhão com Cristo e na fé apostólica típica de toda a Igreja.

Nos seis meses de colóquios com os representantes da Conferência Episcopal dos EUA, foram dois os pontos específicos que o Papa considerou "essenciais" para a missão dos bispos na condução do "rebanho de Cristo" em meio a dificuldades, mas também, em meio a oportunidades do tempo presente.

Em primeiro lugar, o Pontífice elogiou os "incessantes esforços" dos bispos em responder ao fenômeno da imigração em andamento no país. "A comunidade católica nos EUA – explicou o Santo Padre – continua com grande generosidade acolhendo ondas de novos imigrantes", dando-lhes assistência pastoral, acolhimento caritativo, suporte para regularizar a situação deles, sobretudo no que diz respeito às reunificações familiares.

Um "sinal particular" é "o duradouro empenho dos bispos estadunidenses pela reforma da imigração". Trata-se claramente – prosseguiu o Papa – "de uma questão difícil e complexa" do ponto de vista civil e político, social e econômico, mas, "sobretudo, humano". Isso está profundamente no coração da Igreja, porque se trata de assegurar "um tratamento justo e a defesa da dignidade humana" dos imigrados.

Também em nossos dias – acrescentou Bento XVI – a Igreja nos EUA "é chamada a acolher, integrar e cultivar" o rico patrimônio de fé e cultura das comunidades de imigrados, não somente de "seus ritos" – recordou o Pontífice aos bispos –, mas também dos consistentes grupos de católicos hispânicos, asiáticos e africanos.

A "exigente tarefa pastoral" de promover uma comunhão de culturas no seio das Igrejas locais deve ser considerada de "particular importância no exercício do ministério de vocês a serviço da unidade" – disse ainda o Santo Padre aos prelados.

Tal comunhão – prosseguiu – comporta mais que um simples respeito pela diversidade lingüística, pela promoção de salutares tradições, pela asseguração de programas sociais e serviços "tão necessários". Requer um empenho constante de pregação, catequese e pastoral voltado "a inspirar em todos os fiéis um sentido mais profundo da sua comunhão na fé apostólica" e da sua responsabilidade pela missão da Igreja nos EUA.

O significado desse desafio "não pode ser subestimado": o imenso patrimônio e as energias vibrantes de uma nova geração de católicos esperam ser usados para "a renovação da vida da Igreja e a reconstrução do tecido social estadunidense".

"Esse compromisso" em promover tal unidade é necessário – explicou Bento XVI – não somente "para enfrentar os desafios positivos da nova evangelização", mas também "para contrastar as forças de desagregação dentro da Igreja, que sempre mais representam um grave obstáculo para a sua missão nos EUA".

Em seguida – recordando o apelo feito durante a sua visita aos EUA em 2008 –, o Santo Padre disse apreciar "os esforços feitos para encorajar os fiéis" individualmente e em nível de comunidades eclesiais para prosseguir, juntos, "falando com uma só voz", para enfrentar as urgências do presente.

Além disso, nos encontros da visita "ad Limina" – recordou o Papa – foi evidenciada "a preocupação" dos bispos em construir "relações sempre mais fortes de amizade, colaboração e confiança" com os sacerdotes.

O Pontífice exortou-os também a se fazerem particularmente próximos aos homens e às mulheres" das Igrejas locais que se empenham em seguir Cristo sempre mais "perfeita e generosamente", abraçando os conselhos evangélicos:

Em seguida, o Papa reiterou a sua "profunda gratidão pelo exemplo de fidelidade e abnegação" dado nos EUA por muitas mulheres consagradas e motivou-os a ajudá-las na oração a fim de que "esse momento de discernimento traga abundantes frutos espirituais para a revitalização e o reforço de suas comunidades" em espírito de "fidelidade" a Cristo e à Igreja, como ensinam os carismas de fundação.

A "necessidade urgente" no nosso tempo de testemunhas críveis do poder do Evangelho – prosseguiu – "torna indispensável recuperar o sentido da dignidade sublime e da beleza da vida consagrada", promovendo ativamente as vocações e rezando pelas vocações religiosas, reforçando a comunicação e a cooperação, em particular, mediante os delegados de cada diocese.

Os votos finais do Santo Padre foram de que o próximo Ano da Fé – que terá início em outubro, no 50º aniversário de abertura do Concílio Vaticano II – "desperte o desejo de toda a comunidade católica estadunidense" de apropriar-se novamente "com alegria e gratidão" do tesouro inestimável da nossa fé.

Com o "progressivo enfraquecimento" dos valores tradicionais cristãos e "a ameaça de uma estação em que a nossa fidelidade ao Evangelho possa nos custar caro", a verdade de Cristo – ressaltou Bento XVI – precisa não somente ser entendida, articulada e defendida, mas "proposta com alegria e confiança como a chave da autêntica realização humana e do bem-estar da sociedade em seu complexo". (RL)







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