Bispos de todo o mundo pedem transparência finaceira das indústrias extrativistas
Bruxelas (RV) – 17 bispos do mundo todo endereçaram um apelo à União Europeia
pedindo que as autoridades exijam transparência financeira às indústrias extrativistas
atuantes nos países em desenvolvimento. O documento com a requisição foi assinado
por prelados da Argentina, Áustria, Bélgica, Camarões, Chade, Colômbia, Chile, Congo,
França, Alemanha, Peru, Congo Brazaville e Reino Unido.
Lê-se no apelo que
“é necessária a transparência para combater a corrupção e a evasão fiscal”, considerado
o fato de que “as companhias multinacionais privam os países em desenvolvimento de
cerca de 125 bilhões de euros por ano”. Os bispos ressaltam que a crise atinge a economia
e a sociedade a cada dia de modo mais duro, principalmente os pobres, por isso o pedido
de maior moralidade dentro do sistema financeiro, já que, conforme escrevem “a avidez
de poucos ameaça a sobrevivência dos mais vulneráveis”.
No documento, pedem
“novas regras para assegurar que a riqueza produzida, principalmente aquela derivada
da exploração dos recursos naturais, não seja monopolizada em benefício exclusivo
de uma minoria”. A esse respeito, inclusive com a participação da Igreja Católica,
foi instituída, há dez anos, a nível internacional, a “Eiti”, ou a Iniciativa de Transparência
das Indústrias Extrativistas. Trata-se de um padrão global de transparência na atuação
de empresas de gás, óleo e mineração, segundo o qual as indústrias extrativistas devem
tornar público o quanto extraem e o quanto pagam ao país do qual estão extraindo,
e este, por sua vez, deve prestar contas do quanto recebe.
Os bispos reconhecem
o valor da Eiti, mas pede à União Europeia que melhore os standards internacionais
sobre a transparência, inclusive estabelecendo um mínimo a ser pago, por parte das
companhias extrativistas, ao país onde estão atuando. O objetivo seria o de facilitar
a monitoração, por parte da população, de que as indústrias extrativistas estejam
contribuindo adequadamente à economia nacional.
Encorajando, por fim, os governos
dos países detentores dos recursos naturais a assegurarem-se de que os acordos sobre
as extrações beneficiem a população, os signatários do apelo pedem a introdução de
um regulamento válido que peça maior transparência das companhias operantes em todos
os setores da economia, contribuindo com a instalação de um sistema financeiro que
contribua com os pobres, que dê suporte à luta contra a corrupção e que permita uma
distribuição justa da riqueza. (ED)