Damasco (RV) – “Um país no caos. Quem se aproveita disso são os bandidos e
os criminosos estrangeiros infiltrados também nas fileiras da oposição. Sequestros,
abusos, roubos e violências se repetem contra os cristãos que estão fugindo. Um cenário
que já vimos no vizinho Iraque”. No dia em que os ministros das relações exteriores
da União Europeia aprovaram um novo pacote de sanções, o 15º, contra o regime de Bashar
al Assad, fala em entrevista o Patriarca grego-melquita de Antioquia, Gregorios III
Laham.
O duplo atentado do último fim de semana em Damasco, que mais 55 pessoas
e causou centenas de feridos, é para o patriarca “um ato de crueldade sem precedentes
que causou a morte de tantas pessoas inocentes. Violências provocadas por elementos
estrangeiros infiltrados no Pais. Os sírios, de qualquer credo, em particular cristãos
e islâmicos, conviveram durante séculos nesta terra. A situação de caos em que nos
encontramos só faz alimentar a tensão e o terror, sobretudo, entre as minorias”. “Estes
elementos violentos estão encontrando abrigo em bairros cristãos depois que as forças
de segurança sírias os afastaram de seus redutos. Muitas famílias cristãs agora estão
deixando suas casas”, explica Gregorios III citando o exemplo da localidade de Qara
onde, em poucos dias, chegaram 600 famílias, vindas da área de Homs.
Várias
agências, entre as quais Fides, informaram que homens armados expulsaram todas as
famílias cristãs da localidade de Al Borj Al Qastal, na Província de Hama. Grupos
armados – integrantes do aglomerado Exército de libertação sírio – cercaram a localidade
e fizeram um arrastão, expulsando todas das famílias, tomaram posse das casas e transformaram
a igreja num quartel militar. “Toda esta violência deve ser detida – insiste o patriarca
– não é possível continuar deste jeito. Não é suficiente que é o Governo quem usa
a violência. Existem tantos lugares controlados pela Oposição e por pessoas armadas,
entre elas bandidos. Os cristãos não são súbditos do governo, mas este deve governar.
Não se pode assistir a tanta violência em silêncio e na indiferença do mundo. Se realmente
se quer alcançar a paz no Médio Oriente, e manter a presença cristã tão vital na região,
é preciso resolver o conflito palestino-israelense. A Europa, adiantando-se a todos
os outros países da comunidade internacional, deve se comprometer nesta direção!”.
(SP)