RJ: pesquisa sobre a vida da Princesa Isabel para possível declaração de suas virtudes
heróicas
Petrópolis (RV) - Cerca de 80 mil documentos começaram a ser analisados, numa
pesquisa que visa oferecer à Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, subsídios
para a abertura do processo de beatificação da Princesa Isabel (1846-1921). Dom Orani
João Tempesta, Arcebispo Metropolitano do Rio, encarregou ao Prof. Hermes Rodrigues
Nery a tarefa de traçar um primeiro perfil biográfico da piedosa e caridosa vida da
princesa
O Prof. Nery, que também é coordenador do Movimento Legislação e
Vida, da Diocese de Taubaté e propositor do pedido feito a Dom Orani João Tempesta,
em outubro do ano passado, passou a semana de 7 a 13 de maio em Petrópolis, para aprofundar
os estudos da vasta documentação do Arquivo Histórico do Museu Imperial. Segundo o
Prof. Rodrigues Nery, os documentos pesquisados até o momento confirmam os sinais
de santidade da princesa, que foi três vezes regente do Brasil, associando-se de modo
ativo no movimento abolicionista, tendo protagonizado a libertação dos escravos no
Brasil, há 124 anos.
O Bispo-auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro,
Dom Antonio Augusto Dias Duarte, contou anteriormente em nota recolhida pelo portal
da arquidiocese que "conhecendo com mais detalhes a vida dessa regente do Império
brasileiro e conversando com várias pessoas sobre a sua possível beatificação e canonização
num futuro próximo, fico admirado com suas qualidades humanas e sua atuação política,
sempre inspirada pelos princípios do catolicismo". Dom Antonio destacou ainda a falta
de conhecimento destes aspectos da vida da princesa assim como a "presença régia dessa
mulher – esposa, mãe, filha, irmã, cidadã" sobretudo, "na sua função de uma governante
incansável na consecução de uma causa que se arrastava lentamente no Império desde
1810: a libertação dos escravos pela via institucional, sem derramamento de sangue".
A vida da Princesa Isabel surpreende os atuais estudiosos que, a cada dia,
vão descobrindo fatos e feitos pouco conhecidos pelos brasileiros. Em uma recente
entrevista o Prof. Hermes Nery explicava que "escritos da Princesa D. Isabel (cartas,
diários e apontamentos) dão uma dimensão exata da sua fé católica solidíssima, e de
como viveu de modo exemplar a coerência dos princípios e valores do Evangelho, tanto
na vida pessoal quanto pública". "Suas opções e decisões estavam pautadas no humanismo
integral, e deixou a melhor impressão de sua vida virtuosa em todos que conviveram
com ela, tendo o respeito inclusive de seus adversários", afirmou o Prof. Nery.
"Escritos
de intelectuais e autoridades da época e mesmo durante o século XX (apesar do patrulhamento
ideológico e da conspiração do silêncio que sofreu), atestam suas inúmeras qualidades
e virtudes, e o quanto a sua firme adesão à fé foi um dos elementos que fizeram tantos
temerem o 3º Reinado", destacou também. Há relatos também do povo, de pessoas que
conheceram a Princesa e receberam dela acolhida e apoio, e gestos concretos de quem
soube exercer com elevada consciência a caridade cristã. Prof. Rodrigues Nery ressaltou
ainda: "Lembro-me, por exemplo, como ex-salesiano que sou, de que o Liceu Coração
de Jesus, em São Paulo, foi construído em 1885, com auxílio da Princesa, com objetivo
de oferecer aos negros libertos a oportunidade de estudar lá gratuitamente".
"Houve
na Princesa D. Isabel uma grande sintonia com a doutrina moral e social da Igreja,
tão bem expressa pelo Papa Leão XIII, com quem ela se correspondia. E como São João
Bosco (com quem ela se encontrou pessoalmente em Milão, em 1880), um dos sinais evidentes
de sua santidade foi como suas ações estiveram tão de acordo com o que a Igreja expõe
em seu Magistério, e como as consequências destas ações foram tão benéficas para toda
a sociedade." Em dezembro de 2011, assessores do Vaticano estiveram com o Vigário
Episcopal para a Vida Religiosa da Arquidiocese do Rio de Janeiro, Dom Roberto Lopes,
OSB, o Prof. Hermes Rodrigues Nery e Dom Antonio de Orleans e Bragança, membro da
Família Real, e receberam dados sobre a vida da Princesa Isabel que justificariam
a abertura do processo em prol de sua beatificação. Foi solicitado então um primeiro
retrato biográfico para viabilizar os procedimentos visando oficializar o processo.
(SP)