Cidade do Vaticano (RV)* - Tráfico de pessoas. Entre os dramas do nosso
mundo, é um dos mais horríveis. Como é possível chegar a tal nível de degradação moral
a ponto de considerar as pessoas como simples objetos a serem explorados, reduzi-las
à escravidão e abusos sistemáticos em troca de dinheiro? É um mistério. Não somente
toda sombra de respeito pela dignidade alheia desaparece, mas também todo e qualquer
traço de sensibilidade humana.
Diz-se que pela quantidade de negócios, somente
o tráfico de armas supera o de pessoas. E as novas tecnologias de comunicação estão
sendo largamente utilizadas para favorecê-lo em nível internacional.
Fez bem
o Pontifício Conselho Justiça e Paz ao sediar um encontro no qual a Conferência Episcopal
Inglesa discutiu com um amplo público de organizações eclesiais a sua experiência
de compromisso contra essa praga terrível, em colaboração com as instituições públicas
de polícia e luta contra o crime, também bem representados.
O testemunho de
uma jovem enganada que acabou caíndo no mundo da prostituição provocou comoção geral
e confirmou – como no caso dos abusos de menores – que o compromisso concreto de quem
quer realmente lutar contra as raízes do mal deve partir do compartilhamento pessoal
profundo do sofrimento das vítimas.
Justamente no reencontrar as vias de uma
relação pessoal que reconheça e faça reviver a presença e a dignidade da alma nos
corpos violentados é que está a contribuição dos fiéis, uma contribuição da qual também
as forças de polícia sentem absoluta necessidade para que a sua luta atinja, enfim,
o resultado da liberdade e do renascimento das vítimas.
As religiosas estão,
necessariamente, na primeira fila deste compromisso, porquê são mulheres e mais livres
para assumir os altíssimos riscos deste serviço. A Igreja deve colocar a disposição
a sua experiência em humanidade e cura espiritual e a sua presença internacional para
colaborar com quem combate nas batalhas mais difíceis contra o mal no mundo.
*Pe.
Federico Lombardi Diretor-Geral da Rádio Vaticano