Atenas (RV) – “As pessoas estão com fome e este voto corre o risco de não marcar
mudanças positivas. Os eleitores retiraram sua confiança a dois grandes partidos,
Nova Democracia e Pasok, que durante anos governaram o País levando-o ao desastre
no qual nos encontramos hoje”. O dividido quadro político que se desenhou após o voto
do último domingo na Grécia preocupa Dom Francisco Papamanolis, Presidente dos Bispos
católicos gregos (Ceg), que prevê “novas eleições em junho”.
Derrotados os
dois principais partidos que tinha apoiado o plano de austeridade da Troika (Banco
Central Europeu, Fundo Monetário Internacional e União Europeia) Nova Democracia (centro-direita)
e Pasok (socialistas), os eleitores “como protesto” escolheram formações de esquerda
como Syriza ou da extrema-direita como Manhã dourada;. “Agora – afirma o arcebispo
– será difícil formar um governo. A situação se tornou difícil, também porque na Grécia
nunca tivemos um governo de unidade nacional”.
Para Dom Papamanolis podem
pesar os vetos entre os partidos: “Syriza e Nova Democracia já tinham garantido, antes
do voto, que não estariam dispostos a colaborar. O mesmo vale para o Pasok. No entanto,
é preciso esperar para entender quais são as reais intenções dos vários líderes. Pessoalmente,
não excluo novas eleições em junho”. “A Troika nos trouxe miséria – denuncia o prelado
-, as pessoas passam fome, e nós não temos mais o que dar a quem bate à nossa porta.
As taxas que nos impuseram chegaram a 48% de um ano ao outro. Antes do plano, as igrejas
não pagavam taxas. As nossas entradas chegam das nossas propriedades, ninguém nos
ajuda”.
“No ano passado como Diocese de Syros – destaca o prelado - tínhamos
a possibilidade de pagar as taxas, este ano não temos como pagar. O mesmo vale para
Atenas e as outras Dioceses. A Diocese de Corfu, graças a um acordo, obteve a possibilidade
de iniciar a pagar as taxas daqui a 60 meses. E já está chegando a data para pagar
as taxas deste ano. Estamos passando fome e não temos como ajudar. A situação é um
pouco melhor para a Igreja ortodoxa que recebe ajudas de outras igrejas”.
E
para o Exarca apostólico para os católicos de rito bizantino na Grécia, Dom Dimitrios
Salachas o voto de domingo é “um claro voto de protesto e, coisa mais grave, talvez,
marcado pela grande abstenção por causa do desânimo e da desconfiança na política
por parte de muitos cidadãos. O que é certo – destaca o exarca -, este voto não resolve
os problemas do nosso País. O que se vê hoje é uma Grécia desanimada, dividida e sem
esperança diante da crise econômica e social que exige taxas e austeridade implantadas
pela Troika. Não sei o que poderá fazer um parlamento tão dividido em tantos partidos
e marcado pela volta do nacionalismo”, concluiu. (SP)