Frei Cantalamessa: a herança de São Francisco para a nova evangelização
Cidade do Vaticano (RV) - O tema "Nova Evangelização e Carisma Franciscano"
norteou os trabalhos do Dia de estudo realizado nesta terça-feira, em Roma, promovido
pelo Instituto Franciscano de espiritualidade em vista do próximo Sínodo dos Bispos
programado para outubro com o tema "A nova evangelização para a transmissão da fé
cristã". Destacamos dentre os conferencistas o Secretário-Geral do Sínodo, Dom Nikola
Eterović; e o Pregador da Casa Pontifícia, Frei Raniero Cantalamessa.
Dar uma
resposta adequada aos sinais dos tempos, promover uma cultura mais profundamente radicada
no Evangelho: essa é a nova evangelização segundo os Lineamenta do próximo
Sínodo dos Bispos, e esse é o desafio para a grande família cristã, a Igreja, composta
por Ordens religiosas e de vida consagrada, bem como por jovens, leigos, Movimentos
eclesiais chamados a ser protagonistas de um novo modo de anunciar Cristo e a difundir
no mundo a alegria de ser seus filhos, como fazia São Francisco.
Nesse contexto,
pergunta-se: Qual pode ser a contribuição da espiritualidade franciscana para a nova
evangelização? Com a palavra o Frade Capuchinho Pe. Cantalamessa:
"Diria que
Francisco é um evangelizador completo: basta pensar que se fazia presente no âmbito
mais popular imaginável nos vilarejos da Úmbria, das Marcas e do Lácio (regiões italianas).
Depois, aos poucos, foi mais longe chegando até à França, a tantos lugares, e iniciou
também o diálogo inter-religioso porque Francisco foi o primeiro a ir falar com o
sultão do Egito em termos amigáveis, não de cruzada. Portanto, para nós franciscanos
é uma inspiração e creio que a nossa contribuição hoje consiste em recolocar no centro
de todo esse esforço não uma ideia, não uma estratégia, mas a pessoa de Jesus Cristo:
Jesus Cristo é a explicação de tudo, é a explicação de Francisco, a fonte da qual
tudo brotou, a renovação pessoal de Francisco, a sua ação, a Ordem que fundou. Mais
do que possamos imaginar, é preciso recolocar a pessoa de Jesus Cristo no centro da
evangelização, não uma memória histórica, mas uma pessoa, o Jesus vivo, ressuscitado,
aquele que se conhece somente no Espírito Santo."
Como Francisco 800 anos atrás,
assim os jovens franciscanos em particular devem sentir como seu o mandato do crucifixo
de São Damião: "Francisco, vai e reconstrói minha Igreja", com a coragem dos primeiros
cristãos, mas não sem antes ter feito uma profunda experiência de Deus.
É tarefa
dos cristãos diante da nova evangelização levar esperança e fazer autocrítica, ser
unidos na transmissão da Palavra de Deus, aceitando colocar-se diante do ateísmo mais
agressivo ou da extrema secularização.
Portanto, transmitir, trazer a fé também
a exemplo de Francisco e de tantos outros santos, bem como de famílias, educadores
e evangelizadores que sejam críveis nisso, testemunhas em primeira pessoa do Evangelho
que precisa radicar-se de modo novo num mundo diferente. (RL)