2012-05-08 18:36:16

Comportamento e fé: as pazes com a teoria evolutiva


RealAudioMP3 Cidade do Vaticano (RV) - A maioria dos jovens brasileiros vive em paz com suas crenças religiosas e a ciência da teoria evolutiva. Essa é a conclusão de uma pesquisa realizada com dois mil e 300 alunos do ensino médio no Brasil, coordenada pelo professor Nelio Bizzo, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP). Especial Saúde de hoje fala sobre comportamento e fé.

A pesquisa, veiculada pelo jornal Estado de São Paulo, mostra que os jovens brasileiros têm fé em Deus e, ao mesmo tempo, concordam com as premissas estabelecidas por Charles Darwin. Darwin teorizara, mais de 150 anos atrás, que todas as espécies da Terra - incluindo o homem - evoluíram de um ancestral comum por meio da seleção natural.

Os entrevistados tinham uma média de 15 anos de idade, estudantes de escolas privadas e públicas de todo o país, e foram submetidos a um questionário sobre religião e ciência. De acordo com o coordenador do projeto, os dados têm representatividade nacional sobre o assunto para essa faixa populacional. Para Bizzo, os resultados são surpreendentes, pois mostram que, no futuro, a população tenderá a uma interpretação mais elástica das doutrinas religiosas e mais sensível no que concerne a ciência.

Dos entrevistados, 52% são católicos e 29% evangélicos, enquanto 7,5% declararam-se sem religião. Vamos então a alguns números: mais de 70% se consideram pessoas religiosas e acreditam nas doutrinas de sua religião; mais de 70% dizem que a religião não impede que se aceite a evolução biológica; 58% concluem que sua fé não contradiz as teorias científicas atuais; e cerca de 64% concordaram que “as espécies atuais de animais e plantas se originaram de outras espécies do passado”.

O ponto mais delicado e que mostrou maiores divisões diz respeito à evolução do ser humano e à origem da vida. 43% concordam e outros exatos 43% discordam que a vida surgiu naturalmente na Terra por meio de “reações químicas que transformaram compostos inorgânicos em orgânicos”. 44% concordam e 45% discordam que “o ser humano se originou da mesma forma como as demais espécies biológicas”.

E quando falamos em opiniões, estamos falando em pensamento e estruturas cognitivas que nos levam a ver e julgar as coisas de diferentes formas. Sempre no tema das religiões e comportamento, portanto, uma publicação da edição passada da revista Science mostrou que pensar de forma analítica reduz a fé em Deus.

Pesquisadores da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, submeteram cerca de 180 alunos de graduação a uma bateria de testes e questionários e descobriram que, ao forçar os estudantes a pensar de forma mais analítica sobre algum assunto, esse raciocínio influenciava a sua fé, tornando-os menos religiosos.

A explicação seria a de que o cérebro humano tem dois “modus operandi”, duas estruturas de funcionamento para processar informações e tomar decisões: um mais intuitivo e outro mais analítico. Muito resumidamente, os estudos teriam mostrado que as pessoas que resolvem as questões do modo intuitivo são mais propensas à religiosidade que aquelas que decidem de modo analítico.

A Igreja hoje está mais aberta à possibilidade de que “o Evolucionismo seja mais do que uma simples teoria”, como já afirmara João Paulo II. Isso, contudo, deve ser entendido dentro de uma perspectiva na qual a possibilidade de uma veracidade do processo evolutivo não exclua a ação de Deus.

E esse Especial Saúde, sobre comportamento e fé, vai ficando por aqui. Deixando o pensamento vagar pelos mistérios do céu e da terra. (ED)








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