2012-05-08 13:56:43

Bispos do Piauí denunciam emergência no sertão do Estado


Teresina (RV) - Os bispos do Regional Nordeste IV (Piauí) se reuniram na manhã desta segunda, 07, com o Governador do Estado, Wilson Martins, para discutir sobre a seca que atinge o território piauiense. Cerca de 93 municípios já decretaram estado de emergência.

A reunião teve como finalidade apresentar a realidade encontrada junto às comunidades de cada diocese, apontando as dificuldades enfrentadas principalmente pelas famílias mais carentes, que sobrevivem da produção agrícola e que já não contam com água para o consumo humano e realização de outras atividades.

A reunião teve início às 7h30, no Palácio Episcopal de Teresina. Na oportunidade, os Bispos do Piauí entregaram uma carta, que é destinada aos governantes e à população do Estado. Até o momento, o Governo do Estado reconheceu decretos de situação de emergência em 102 municípios do Piauí. Estima-se que outros 60 somem prejuízos por conta da estiagem no estado.

Na carta, os bispos argumentam que o povo do sertão piauiense se depara com uma prolongada estiagem, que tem causado a falta de água potável, fundamental para a sobrevivência humana, em muitos municípios.

"As consequências decorrentes da seca são amplas, entre as quais se destacam: desarticulação e desintegração da família; portas se abrem com facilidade para o inescrupuloso tráfico humano e o abominável trabalho escravo; comprometimento dos valores éticos; agravamento da situação econômica, relegando muitas famílias à extrema pobreza" - diz o documento.

Os bispos ressaltam a importância de ações de socorro emergencial às famílias prejudicadas pela seca, como envio de cestas básicas e carros-pipa, mas também destacam a necessidade de medidas em longo prazo, a exemplo da construção de cisternas e açudes. "É hora do Governo escutar a sociedade organizada e os que são atingidos pelo flagelo das prolongadas estiagens, a fim de se buscar soluções adequadas e duradouras" - diz a carta.

Para os bispos, é preciso atuar nas dimensões emergencial e estrutural. “Vivemos um período muito difícil. É a pior seca talvez em 15 anos. Foi uma reunião muito importante porque pudemos relatar a realidade de cada região e ouvir do governador as ações que estão sendo tomadas emergencialmente para garantir água e comida às famílias flageladas, e também ações estruturantes para garantir a convivência com o semiárido“ - disse Dom Jacinto de Brito Furtado Sobrinho, novo Arcebispo de Teresina.

“Nós temos buscado agir com celeridade. Temos 7,5 milhões assegurados para o abastecimento de água no semiárido. Com o Governo Federal, acordamos o envio do cartão Defesa Civil para a compra de cestas básicas, gás de cozinha, ração animal. Além disso, estamos agilizando toda a parte burocrática para a realização de obras estruturantes, como barragens e adutoras” - afirmou o governador Wilson Martins, que se reúne nesta terça-feira (08), em Brasília, com a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, para tratar sobre essas obras. A ideia é priorizar aquelas que podem ser feitas em até um ano e meio para evitar maiores danos nos próximos anos às famílias que vivem nas regiões historicamente atingidas pela seca.

O documento destaca a necessidade de ações de governo, em todas as esferas, em relação à garantia de água de qualidade para o consumo humano; segurança de alimentação adequada para as famílias; geração de trabalho e renda com a implantação de tecnologia adaptada ao clima da região; e educação voltada a aproveitar potencialidades do sertão. Além disso, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) propõe a criação de uma Bolsa Alimentação, no valor de R$ 300,00, durante seis meses, para cada família atingida pela seca, assim como fiscalização da aplicação dos recursos.
(CNBB)







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