Cidade do Vaticano (RV) - Os cristãos
continuam a morrer em todo o mundo. Bastar abrir os jornais, ligar a televisão ou
o rádio para ficar informado sobre as novas chacinas de cristãos em vários países,
principalmente no continente africano nos últimos dias. Repete-se o mesmo ritual fanático
e terrorístico, o assassinato em massa de fiéis inermes e alegres que participam da
missa.
O século XXI, podemos constatar todos os dias, continua a ser, como
o século XX, um período de martírio para os cristãos e em particular para os católicos.
Basta olhar para a faixa sub-sahariana, (Norte da África), da Nigéria à Somália e
ao Quênia, enquanto nos países árabes da chamada “primavera” ainda deve ser enquadrada.
E os episódios de violência e de morte percorrem também a Ásia, do Paquistão à mesma
Índia.
As reações oficiais são comedidas: sobre isso falara o Papa Bento XVI
ao Corpo diplomático, no início deste ano, depois das chacinas do Natal. O Secretário
de Estado, Cardeal Bertone, diante das mortes de Kano, na Nigéria, e de Nairóbi, no
Quênia, na última semana, afirmou que “os cristãos nas trincheiras do mundo, nos países
africanos, no Oriente Médio, são um fator de equilíbrio e de reconciliação, não de
conflito. Portanto, parece estranho que possa haver intolerância, agressividade tão
fortes contra aqueles que dão uma contribuição à reconciliação, à paz, à justiça e
à solidariedade”.
É preciso reagir, os fiéis devem reagir com força, mas sem
vontade de vingança, sem fomentar uma espiral de violência. A questão das chacinas
dos cristãos é ja uma emergência de política internacional e como tal deve ser vista
e colocada na agenda dos grandes. Levantar a questão não vai contra o pluralismo e
a laicidade das instituições de países ocidentais, mas torna-se um ato de justiça.
Permanece
a realidade do testemunho inerme e inconsciente de tantos cristãos que pagam com a
vida uma verdade que deve ser reafirmada: no mundo, hoje, o cristianismo é um foco
de liberdade, uma garantia de pluralismo, uma reserva de humanidade, um impulso ao
progresso.
Mas é certo também que as razões da liberdade e da verdade nunca
podem ser completamente espezinhadas e que a violência não pode prevalecer. O sangue
destes novos mártires confirma com força este singular paradoxo, certificado por séculos
de história. (Silvonei José)