Paquistão: mais uma jovem detida com acusação de blasfêmia
Islamabad (RV) - Parece a continuação de um filme trágico, mas é um caso bem
real. Mais uma jovem mulher cristã foi detida recentemente no Paquistão e pode ser
condenada à pena de morte com a acusação de ter blasfemado contra Maomé. A coincidência
com o caso de Asia Bibi, que está em prisão, acusada da mesma coisa desde 2009, vai
ao ponto de ambas as mulheres terem o mesmo sobrenome: Bibi. Shamim Bibi tem apenas
26 anos, é casada e mãe de uma menina de cinco anos. Para além da acusação, e do fato
de ter sido detida em meados de abril, sabe-se ainda pouco sobre o seu caso. O marido
e os seus conhecidos garantem, contudo, que ela é vítima de uma cilada, montada unicamente
por ser cristã.
A jovem paquistanesa teria sofrido pressões para se converter
ao Islamismo, e a sua recusa a teria levado à sua detenção. A lei paquistanesa prevê
a pena de morte para quem blasfema contra Maomé e pena perpétua para quem blasfema
contra o Alcorão. Na prática a lei é muitas vezes usada para vinganças pessoais, uma
vez que basta ter uma testemunha para desencadear o processo. As minorias religiosas
são as mais atingidas por este fenômeno.
Uma vez detida, e independentemente
da fragilidade da acusação, a vítima pode passar anos na prisão. Embora ninguém tenha
sido de fato executado por blasfêmia naquele país, muitos têm sido assassinados ainda
na prisão ou após a libertação. Outros, como Asia Bibi, aguardam anos por um desfecho.
(SP)