Missão em Guiné-Bissau: trabalho infantil x escola
Cidade do Vaticano
(RV) – O Quadro Missão volta a destacar a entrevista feita por nossa colega Bianca
Fraccalvieri com a Coordenadora da Comissão de Educação da Diocese de Bafatá, em Guiné
Bissau, Irmã Ana Lúcia dos Santos. Dessa vez, ela nos fala sobre a missão dos professores,
que muitas vezes precisam viver um tempo fora de casa para poder dar aulas nas tabancas
(aldeias) distantes.
“Eu admiro os professores que trabalham nas tabancas.
Longe de tudo, das facilidades, de compras. Eles enfrentam essa questão com perseverança.
Passam até dois, três meses longe das famílias, já que não tem como pagar os deslocamentos.
Voltam para casa somente na única semana de férias. Contudo, estão cientes de que
também precisam – eles mesmos – de formação”.
Outro ponto preocupante, de acordo
com Irmã Ana Lúcia, e a falta de conscientização dos pais sobre a questão do trabalho
infantil. Muitas crianças, ao invés de frequentar a escola, vão às colheitas.
“Muitas
escolas já estão sensibilizando as comunidades, ao menos para diminuir o tempo em
que as crianças passam nas colheitas. Um período elas trabalham, outros vão à escola.
Temos colhido bons resultados, a cada ano o número de crianças fora da sala de aula
diminui. Mas ainda temos muito a fazer, se hoje uma criança não estuda, amanhã ela
não vai ter vontade de estudar”.
De outro lado, Irmã Ana Lúcia fala que políticas
públicas voltadas à educação estão sendo realizadas, e apoia o trabalho do Ministério
da Educação.
“O Ministro Artur Silva trabalha muito bem. Ele motiva os professores
para que estejam em sala de aula. Não sei nada a respeito dos pagamentos, até porque
tivemos muitas greves. Mas penso que ele tenha bons propósitos para a educação. Agora
mesmo, foi assinado um termo que vai promover a formação de professores aqui em Bafatá,
coisa que nunca tinha acontecido antes”.