Igreja birmanesa indica como prioridade para o país a paz e a reconciliação
Yangun (RV) – A Igreja birmanesa volta a indicar como prioridade para o país
a paz e a reconciliação com as minorias étnicas. Dom Raymiond Sumlut Gam, Bispo de
Banmaw, no Norte do país, onde ainda está acontecendo o conflito com os rebeldes de
etnia kachin, afirma à agência Fides: “as operações militares das tropas do governo
continuam. O número dos desabrigados internos aumentou até chegar a 70 mil, e 40 mil
deles se encontram na Diocese de Banmaw”.
O prelado, após uma visita aos campos
de refugiados, informa que estes “são em sua grande maioria cristãos”. “A maior parte
dos desabrigados – acrescenta – são mulheres e crianças e quase 8.900 deles tem menos
de 15 anos”. Além disso, 20 escolas em localidades bem distantes foram fechadas por
causa do conflito.
Criamos em alguns campos algumas salas de aula do grau
fundamental, debaixo de lonas. Mas faltam professores e material escolar”, conclui
a mensagem de Dom Sumlut Gam. Na Diocese de Banmaw existem 13 paróquias com quase
30 mil católicos numa população de uns 400 mil habitantes. Numerosas paróquias sofrem
ainda por causa da guerra civil e os refugiados nas áreas rurais continuam a migrar
rumo às cidades.
Atualmente, a Caritas de Banmaw, com o apoio incansável de
sacerdotes, religiosas e catequistas, está ajudando 13.500 desabrigados em diferentes
campos provisórios. “As ajudas humanitárias – explica o bispo – chegam de generosos
benfeitores.
Servem lonas, roupas, alimentos, remédios, mas, além disso, continuamos
com o cuidado pastoral e a assistência espiritual”. Dom Sumlut Gam pede à Igreja universal
para se “reze e apoie as vítimas da guerra civil no estado de Kachin e para que se
trabalhe em favor da paz e da reconciliação”.
Apesar do presidente da Mianmar,
Thein Sein, tenha ordenado por duas vezes ao exército de deter sua ofensiva contra
os rebeldes “kachin”, os combates no Norte do país continuam. No último encontro de
paz, em março passado, os “kachin” voltaram a defender o princípio da autonomia da
região no contexto da nação birmanesa, e um acordo de cessar-fogo monitorado por observadores
internacionais. Mas até agora nenhuma solução concreta foi alcançada. (SP)