Libertados o PR e PM da Guiné-Bissau, que chegaram à Costa do Marfim
(28/04/2012)Algo se move na Guiné-Bissau: o Presidente interino Raimundo Pereira e
o primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior, depostos pelo golpe militar de 12 de Abril
na Guiné-Bissau, foram libertados, tendo partido para a Costa do Marfim. A libertação,
noticiada por várias agências internacionais, foi uma resposta à exigência da Comunidade
Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), reunida quinta-feira em Abidjan.
A informação foi confirmada pela presidência da Costa do Marfim (na todo os dois políticos
guineenses à chegada a Abidjan). O Presidente e primeiro-ministro depostos pelo
golpe militar da Guiné-Bissau foram libertados horas depois de a CEDEAO ter aprovado
a mobilização de uma força e ameaçado com sanções caso não seja restabelecido o poder
civil. O “Comando Militar” que tomou o poder em Bissau anunciou aceitar reduzir o
período de transição de dois anos anunciado inicialmente, até à realização de eleições,
para um ano, e adiantou que aceitará também a mobilização da força militar da CEDEAO,
adiantou a AFP. Na quinta-feira, os chefes de Estado da CEDEAO fizeram um ultimato
aos militares autores do golpe e deram-lhes 72 horas para que fossem dados passos
no sentido de repor a ordem constitucional, sob pena de imposição de sanções diplomáticas
e económicas ao país e de “sanções individualizadas”. Ficou em aberto a possibilidade
de recurso ao Tribunal Penal Internacional. Neste sábado deverá chegar a Bissau
uma equipa técnica da CEDEAO para definir os pormenores da força regional que será
enviada, adiantou Daba Na Walna em conferência de imprensa. Essa força deverá ser
composta por um contingente de “500 a 600 homens” fornecidos por quatro países – Nigéria,
Togo, Costa do Marfim e Senegal –, tal como foi aprovado na cimeira de chefes de Estado
da CEDEAO. O objectivo da missão é acompanhar a retirada da missão angolana que estava
na Guiné há cerca de um ano – e que foi apontada pelo militares como uma justificação
para o golpe –, e “apoiar a securização do processo de transição”. A CEDEAO debateu
também a situação no Mali, onde um golpe, a 22 de Março, acelerou a tomada do norte
do país por rebeldes tuaregues e grupos islamistas, e decidiu igualmente o envio “imediato”
de uma força regional que terá 3000 a 5000 efectivos, segundo um diplomata ocidental
citado pela Reuters.