Jovens mulheres dão rosto ao perfil do missionário
Lisboa (RV) – O perfil do voluntário missionário atual integra sobretudo jovens
do sexo feminino, licenciadas, financeiramente autônomas e ligadas a áreas fortemente
orientadas para a ajuda ao próximo, como a educação e a saúde.
A revelação
é do estudo ‘Voluntariado: Missão e Dádiva’, que a Fundação Fé e Cooperação (FEC),
da Conferência Episcopal Portuguesa, promoveu em parceria com uma equipe de investigadores
da Escola Superior de Educação Paula Frassinetti (ESEPF), e que vai ser apresentado
na quinta-feira, em Lisboa.
Em declarações à agência Ecclesia, a coordenadora
da rede de voluntariado da FEC, Ana Patrícia Fonseca, justifica a realização do estudo
com as mudanças que se verificaram nos últimos anos.
“Já partiram mais de quatro
mil voluntários e importava agora perceber que movimento é este, quem são os voluntários
que partem, que organizações os enviam, o que é que eles vão fazer”, aponta.
Depois
de um primeiro período, na década de 1980, em que as pessoas partiam “de forma muito
espontânea”, nas últimas duas décadas surgiram “mais de 50 organizações que enviam
voluntários para a missão”.
O retrato sociocultural de cada candidato, traçado
ao longo de um ano a partir de dados recolhidos junto de 57 organizações de cooperação
para o desenvolvimento, sublinha que quem parte em missão “sofre uma espécie de chamada
interior” e está naturalmente predisposto a “colocar o seu saber e disponibilidade
ao serviço do outro”.
De acordo com os promotores do estudo, isto deve-se sobretudo
ao fato de o voluntariado missionário estar relacionado com uma cultura de serviço,
baseada numa matriz “cristã”.
Apesar das organizações estarem abertas a “todos
aqueles que genuinamente querem entrar” nesta experiência, “mais de metade dos voluntários”
têm a sua origem numa “pastoral organizada” e “75 por cento são católicos”, realça
o diretor da ESEPF, José Luís Gonçalves.
Uma das investigadoras que tomou parte
no estudo, Florbela Samagaio Gandra, acrescenta à matriz cristã a capacidade destas
pessoas em “fazerem face ao imediato ou ao imprevisto” e de trabalharem “em várias
áreas”.
Alfabetização, formação e construção de infraestruturas nos países
em vias de desenvolvimento são, neste momento, as grandes apostas do voluntariado
missionário, que nos últimos cinco anos garantiu quase o dobro dos recursos humanos.
Indicadores
retirados entre 2005 e 2010 mostram ainda que o tempo de missão oscila sobretudo entre
um e três meses mas há cada vez mais pessoas a optarem por períodos mais longos, que
vão até dois anos de missão.