Angola: painéis solares transformam água suja em água limpa
Luanda (RV) - O velho contentor pintado em cores alegres com painéis solares
no telhado e com dispositivos de filtração interiores de elevadas especificações parece
deslocado na poirenta aldeia angolana do Bom Jesus, localizada a 50 quilômetros a
leste da capital, Luanda. Mas em breve irá providenciar cerca de 20 mil litros de
água potável e limpa por dia aos 500 residentes que actualmente dependem do abastecimento
de água suja do rio próximo.
Concebida pela Quest Water Solutions,
companhia de tecnologia canadense, a estação de água potável em aço inoxidável chamada
AQUAtap está sendo aplicada experimentalmente em Angola com o objetivo, se for bem
sucedida, de começar a produzir estes sistemas localmente para serem depois distribuídos
pela região.
Usando energia solar armazenada em grandes pilhas, a água do
rio Kwanza, a 50 metros de distância, é purificada por meio de areia e outros filtros.
Depois são utilizados raios UV para esterilizar a água de acordo com as normas da
Organização Mundial de Saúde (OMS) relativas à àgua potável, disponibilizando-a para
ser distribuída por uma torneira de aço inoxidável posicionada à frente.
"Na
realidade é muito simples e fácil," explicou John Balano, da Quest, enquanto empurrava
cuidadosamente uma das duas torneiras posicionadas à frente do bloco para permitir
que a água entrasse numa garrafa.
"Sim, parece um dispositivo deslocado e
é um pouco avançado para esta zona, mas não é, na relidade é muito simples e o melhor
é o fato de ter uma manutenção baixa. A própria máquina só precisa de assistência
uma vez por mês e estamos treinando alguns angolanos que possam prestar essa assistência
depois de regressarmos ao Canadá."
Desde o fim da guerra civil de três décadas
em 2002, o governo angolano gastou milhões de dólares na reconstrução de infraestruturas
e na prestação de serviços básicos como abastecimento de água para a população de
19 milhões.
Como parte do projeto "Água para Todos", foram instalados poços
e torneiras em várias comunidades por todo o país embora, segundo as estatísticas
do governo, cerca de metade da população continua a não ter acesso à água potável.