(20/4/2012) A falta de informação, a baixa escolaridade e o não domínio do idioma
do país de destino são três dificuldades sentidas pelos emigrantes portugueses que
potenciam a sua "exploração". O alerta é deixado no documento conclusivo do encontro
de reflexão sobre emigração portuguesa na Europa, realizado entre esta quarta e quinta-feira,
em Alfragide (Lisboa), reunindo responsáveis da Igreja Católica. Os participantes
referem que “o desconhecimento leva à exploração por parte de redes organizadas”,
sendo estas promovidas “por portugueses que recrutam outros portugueses para trabalho
sazonal sem oferecer quaisquer condições de vida aos trabalhadores”. Estes problemas
têm levado “ao aumento”, nos últimos meses, do registo “de casos de pobreza entre
os portugueses que vivem em países europeus”. “Luxemburgo, Suíça e Reino Unido
registam alguns casos de sem-abrigo ou de recurso aos abrigos sociais” e no caso particular
do Luxemburgo “foram relatados casos de emigrantes a viver em carros ou em contentores,
no local de trabalho”. Apesar deste lado dramático, verifica-se que “as comunidades
paroquiais e associações de emigrantes continuam a ser os elos de ligação e de confiança”. Na
linhas das propostas, os participantes solicitam às dioceses locais “a cedência de
espaços físicos que possam ser utilizados para o atendimento direto a emigrantes”
e que se criem “escolas para a aprendizagem da língua do país de acolhimento”, sublinham
as conclusões.
No âmbito do atual contexto económico e social, a Obra Católica
Portuguesa das Migrações e a Cáritas Portuguesa promoveram o encontro entre os principais
intervenientes junto das comunidades portuguesas emigrantes na Europa. Um encontro
que teve como objetivo “colocar em comum a realidade vivida pelas comunidades emigrantes
e abrir vias de diálogo e de coordenação pela conciliação de esforços e recursos no
sentido de melhorar as respostas de apoio a todos os que se vêm na necessidade de
sair do seu país”. Estiveram presentes neste encontro os coordenadores da Pastoral
de Língua Portuguesa e os Delegados das Cáritas em alguns dos que são hoje os principais
países de destinos dos portugueses na Europa. O aumento do desemprego em Portugal
é, atualmente, “a principal motivação para a emigração”.