2012-04-19 15:09:49

Trabalho missionário segue apesar do golpe de Estado na Guiné-Bissau


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Cidade do Vaticano (RV) – Adriana Nishiyama, 34 anos, é de Maringá, no Paraná. Há seis anos decidiu participar da missão na Diocese de Bafatá, na Guiné-Bissau e, enquanto leiga, realiza diversas atividades.

“Em 2001, na minha diocese, eu participei de um tríduo missionário. Naquela oportunidade conheci dois seminaristas da Tanzânia e a partir de então mantivemos contato. Eles me contaram sobre o trabalho missionário deles no Brasil e também um pouco da África. E isso tudo despertou em mim o desejo de partir para a missão. Eu não tinha claro que seria para a África, mas eu queria fazer um trabalho voluntário”.

Cerca de quatro anos depois desse primeiro contato, Adriana conta que por meio de um frei franciscano acabou chegando à Guiné-Bissau.

“Durante dois anos eu me preparei com meu orientador no Brasil, principalmente psicologicamente. Mas é claro que o impacto (na chegada) acontece. Contudo, a comunidade me recebeu muito bem e isso foi fundamental para superar as dificuldades iniciais”.

Em princípio, o projeto de Adriana contemplava dois anos de missão na Guiné-Bissau. Quando terminasse, voltaria ao Brasil. Mas não foi isso que aconteceu.

“Quando terminou o período, falei com Dom Pedro Zilli, Bispo da Diocese de Bafatá. Perguntei a ele se poderia ficar mais um ano e meio. Ele concordou. Novamente, ao final do prazo, pedi para ficar outra vez e agora já são quase seis anos”.

Depois de tanto tempo, Adriana relata que muita coisa mudou, desde quando teve a vontade de partir em missão. Para ela, esse período é de crescimento, tanto pessoal quanto espiritual.

“Cada vez mais você vai se apaixonando pelas pessoas, pelo trabalho. Percebe-se também que aqui você pode fazer algo a mais. Meus pais dizem que poderia fazer também no Brasil, só que lá há muitos voluntários. Mas aqui na África? Se você falar: vai para a missão na África a pessoa pensa uma, duas, três vezes antes de sair. Diante disso tudo, acredito que minha motivação inicial ainda continua e cresceu ainda mais”.

Adriana desenvolve uma série de atividades: de professora à contabilidade da diocese, além de acompanhamento nutricional de crianças e gestantes. Contudo, para ela, a educação ainda é o maior desafio.

“Falta muita formação. Não é que nós, missionários, vamos mudar a Guiné-Bissau. Não, mas acho que estando junto já ajudamos a superar um pouco das dificuldades”.

Principalmente num contexto de um país como a Guiné-Bissau, onde a infra-estrutura básica e o acesso ao desenvolvimento pessoal ainda são extremamente deficitários.

“É difícil para as pessoas no Brasil entenderem como se vive aqui. Às vezes eu descrevo determinada situação para meu pai, minha mãe e eles dizem: não pode ser”.

Apesar de tudo, Adriana sabe que o país tem suas qualidades que se encontram principalmente no povo acolhedor e que, depois de tanto tempo de guerra, merece um pouco de paz. Quando questionada sobre o futuro, a resposta é imediata: “Só Deus sabe, mas se depender de mim, gostaria de ficar”.

(BF/RB)







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