Nova Evangelização e a Evangelii Nuntiandi: testemunhas autênticas do Evangelho
Cidade do
Vaticano (RV) - Amigo ouvinte, voltamos ao nosso encontro semanal dedicado à nova
evangelização. Nesta edição continuamos nossa revisitação ao VII e último capítulo
da Evangelii Nuntiandi, Exortação Apostólica pós-sinodal do Papa Paulo VI, datada
de 8 de dezembro de 1975, após 10 anos do Decreto conciliar "Ad Gentes".
A
Exortação é fruto do Sínodo sobre a evangelização. De fato, nela Paulo VI nos fala
sobre os tempos novos da evangelização, prefigurando a nova evangelização – questão
prioritária para a Igreja em nossos dias.
Na edição passada nos ocupamos do
nº 75, que tem por título "Sob a inspiração do Espírito Santo". Prosseguindo o capítulo
dedicado ao Espírito da Evangelização, o nº 76 nos fala da pessoa dos evangelizadores,
chamando a atenção para o testemunho de vida, do qual depende significativamente a
eficácia da própria evangelização.
Considerando a sua extensão e o tempo de
que dispomos, nesta edição nos dedicaremos somente ao nº 76 do documento magisterial.
Testemunhas
autênticas
76. "Consideramos agora, brevemente, a própria pessoa dos evangelizadores. Ouve-se
repetir, com freqüência hoje em dia, que este nosso século tem sede de autenticidade.
A propósito dos jovens, sobretudo, afirma-se que eles têm horror ao fictício, aquilo
que é falso e que procuram, acima de tudo, a verdade e a transparência. Estes "sinais
dos tempos" deveriam encontrar-nos vigilantes. Tacitamente ou com grandes brados,
sempre porém com grande vigor, eles fazem-nos a pergunta: Acreditais verdadeiramente
naquilo que anunciais? Viveis aquilo em que acreditais? Pregais vós verdadeiramente
aquilo que viveis? Mais do que nunca, portanto, o testemunho da vida tornou-se
uma condição essencial para a eficácia profunda da pregação. Sob este ângulo, somos,
até certo ponto, responsáveis pelo avanço do Evangelho que nós proclamamos. O que
é feito da Igreja passados dez anos após o final do Concílio?, perguntávamos nós,
no princípio desta meditação. Acha-se ela radicada no meio do mundo e, não obstante
livre e independente para interpelar o mesmo mundo? Testemunha ela solidariedade para
com os homens e, ao mesmo tempo, o absoluto de Deus? É ela hoje mais ardorosa quanto
à contemplação e à adoração, e mais zelosa quanto à ação missionária, caritativa e
libertadora? Acha-se ela cada vez mais aplicada nos esforços por procurar a recomposição
da unidade plena entre os cristãos, que torna mais eficaz o testemunho comum, afim
de que o mundo creia? (119) Todos somos responsáveis das respostas que se possam dar
a estas interrogações. Exortamos, pois, os nossos Irmãos no episcopado, constituídos
pelo Espírito Santo para governar a Igreja;(120) exortamos os sacerdotes e diáconos,
colaboradores dos Bispos no congregar o povo de Deus e na animação espiritual das
comunidades locais; exortamos os religiosos, testemunhas de uma Igreja chamada à santidade
e, por isso mesmo, convidados eles próprios para uma vida que testemunhe as bem-aventuranças
evangélicas; exortamos os leigos, e com estes, as famílias cristãs, os jovens e os
adultos, todos os que exercem uma profissão, os dirigentes, sem esquecer os pobres,
quantas vezes ricos de fé e de esperança, enfim, todos os leigos conscientes do seu
papel evangelizador ao serviço da sua Igreja ou no meio da sociedade e do mundo; e
a todos nós diremos: É preciso que o nosso zelo evangelizador brote de uma verdadeira
santidade de vida, alimentada pela oração e sobretudo pelo amor à eucaristia, e que,
conforme o Concílio no-lo sugere, a pregação, por sua vez, leve o pregador a crescer
em santidade.(121) O mundo que, apesar dos inumeráveis sinais de rejeição de Deus,
paradoxalmente, o procura entretanto por caminhos insuspeitados e que dele sente bem
dolorosamente a necessidade, o mundo reclama evangelizadores que lhe falem de um Deus
que eles conheçam e lhes seja familiar como se eles vissem o invisível.(122) O mundo
reclama e espera de nós simplicidade de vida, espírito de oração, caridade para com
todos, especialmente para com os pequeninos e os pobres, obediência e humildade, desapego
de nós mesmos e renúncia. Sem esta marca de santidade, dificilmente a nossa palavra
fará a sua caminhada até atingir o coração do homem dos nossos tempos; ela corre o
risco de permanecer vã e infecunda."
Amigo ouvinte, por hoje nosso tempo já
acabou. Semana que vem tem mais, se Deus quiser! (RL)