Colômbia: aumentam problemas humanitários nas zonas esquecidas
Bogotá (RV) - Em 2011, a delegação do Comitê Internacional da Cruz Vermelha
(CICV) na Colômbia registrou um aumento de alguns dos problemas humanitários que afetam
a população civil, como os deslocamentos forçados, ameaças, violência sexual, infrações
contra a missão médica e danos aos bens civis. O CICV apresenta hoje, em Bogotá e
em nove cidades colombianas onde está presente, seu relatório anual com a finalidade
de recordar a todas as partes em conflito a importância de respeitar e aplicar estritamente
as normas humanitárias.
“Estamos preocupados com a deterioração da situação
em algumas zonas, em muitos casos pela intensificação dos combates e operações militares,
e, especificamente, com a falta de acesso das comunidades afastadas aos serviços básicos
como a saúde, educação, água e transporte”, afirmou o chefe da delegação do CICV na
Colômbia, Jordi Raich. “Vemos com inquietação como muitos moradores dessa outra Colômbia
caem cada vez mais no esquecimento.”
Em 2011, o CICV documentou mais de 760
alegadas violações do Direito Internacional Humanitário (DIH) e de outras normas básicas
cometidas por todas as partes em conflito na Colômbia. Mais de 150 mil pessoas beneficiaram-se
diretamente da atuação da instituição nos âmbitos da assistência de emergência para
deslocados, apoio na construção de infraestrutura menor, acesso à saúde, recuperação
de restos mortais, pagamento de gastos fúnebres, traslados em caso de ameaças, visitas
a detidos ou facilitação para liberar pessoas em poder de grupos armados. Em muitos
casos, essas atividades foram realizadas em colaboração com a Cruz Vermelha Colombiana.
As
regiões onde foi registrado um aumento das consequências para as vítimas foram: Cauca,
Nariño, Chocó, Antioquia, Córdoba, Putumayo, Caquetá, Meta, Guaviare e Norte de Santander.
Nas cidades como Medellin, Tumaco e Buenaventura, as consequência do conflito coexistem
com outras formas de violência organizada.
“Homens armados entraram na minha
casa, eu estava sozinha com meu filho de dez anos”, relata uma das vítimas atendidas
pelo CICV em 2011. “Eles começaram a me acusar de colaborar com os outros e diziam
que eu tinha que falar. Logo depois, três deles me estupraram. Os outros não faziam
nada, ficavam olhando. Depois disso, tivemos que ir embora. Caminhei doze horas com
meu filho até chegar à cidade.”
O CICV também registrou casos em que a fumigação
aérea dos cultivos ilícitos afetou as plantações lícitas utilizadas para o sustento
de comunidades nas zonas de conflito, dificultando seu acesso à alimentação e aos
meios de subsistência.
Durante o ano de 2012, a instituição seguirá trabalhando
nas zonas isoladas da Colômbia para dar uma resposta eficaz às vítimas e às comunidades
afetadas pela violência, graças ao seu acesso privilegiado e ao reconhecimento obtido
como uma organização neutra, imparcial e independente. Do mesmo modo, continuará respondendo
às consequências das outras situações de violência em meio urbano.