Simpósio no Vaticano recorda 1700 anos da conversão de Constantino, primeiro imperador cristão

Cidade do Vaticano (RV) - "Constantino o Grande. Nas raízes da Europa". O Simpósio internacional organizado e promovido pelo Pontifício Comitê de Ciências Históricas marca um aniversário: 1700 anos da chamada Batalha da Ponte Milvio e da conversão do primeiro imperador cristão de Roma.

O programa do evento foi ilustrado na manhã desta terça-feira na Sala de Imprensa da Santa Sé pelo Presidente do dicastério vaticano, Pe. Bernard Ardura, com Claire Sotinel, da Escola Francesa de Roma e da Universidade de Paris-Créteil, e com o Diretor do "L'Oservatore Romano", Giovanni Maria Vian.

O simpósio terá início nesta quarta-feira, na Sala do Sínodo, no Vaticano, transferindo-se na quinta-feira para o Colégio Teotônico e, no dia seguinte, para a Pontifícia Universidade Lateranense, voltando no Sábado para o Vaticano, com a projeção do filme "Constantino o Grande", realizado em 1960 por Lionello De Felice. Serão quatro dais de intenso trabalho para estudiosos convidados do mundo inteiro para atualizar as pesquisas sobre esse grande personagem histórico. Com a palavra, Giovanni Maria Vian:

"A questão constantiniana é um ponto crucial da história do cristianismo, porque diz respeito à relação entre esfera religiosa e dimensão política."

Por sua vez, Claire Sotinel observou que ainda hoje são muitas as interrogações de diferentes horizontes acadêmicos, países e línguas apresentadas aos historiadores:

"Uma análise histórica, atenta e crítica, nos permite entender o que aconteceu após a chamada vitória da Ponte Milvio para ajudar-nos a refletir no Séc. XXI sobre questões importantes como as interações entre religião e poder político, a constituição de um horizonte religioso pluralístico, as possibilidade de convivência entre diferentes religiões, dentre outros."

Em 28 de outubro de 312, Constantino atribuía sua vitória contra Massencio na batalha da Ponte Milvio à proteção do Deus dos cristãos, sob o sinal da Cruz – In Hoc Signo Vinces (sob este signo vencerás), frase que Constantino diz ter lido durante uma visão: o episódio que teria levado à sua conversão ao cristianismo. A propósito dessa batalha, precisou Pe. Ardura:

"Esta batalha não foi – ao que parece – um evento de grande relevo do ponto de vista propriamente estratégico-militar, mas logo assumiu o papel de símbolo fundador de um mundo novo nascido do encontro de Constantino com o cristianismo."

A viravolta constantiniana designa o perfil da Europa Ocidental e Balcânica. Ainda, Pe. Ardura:

"Uma Europa em que brotaram os valores de dignidade humana, de distinção e cooperação entre religião e Estado, de liberdade de consciência, liberdade de religião e liberdade de culto."

Realidade inicial na viravolta constantiniana, segundo Pe. Ardura, que deixa ao debate as muitas interrogações, dentre as quais algumas recordadas por Sotilen: Constantino converteu-se sinceramente em 312 ou se tratou de uma jogada política, ou há tempo já era cristão? (RL)