Jales (RV) - A CNBB estará nestes dias em Assembleia. Já é tradição consolidada:
celebrada a Páscoa, os bispos respiram uma semana, e na outra já partem para o local
de sua assembléia.
Até pouco tempo atrás era Itaici, bairro de Indaiatuba,
que acabou ficando mais famoso do que o próprio município, exatamente por sediar as
Assembléias da CNBB. Agora o endereço é outro, e promete ser definitivo: o santuário
de Aparecida, que vai se confirmando cada vez mais como capital católica do Brasil.
Mesmo sem todas as instalações previstas, lá se realizam agora as assembléias da
CNBB.
A deste ano traz consigo uma curiosidade especial, e uma coincidência.
Com a deste ano, são 50 Assembléias Gerais, realizadas pela CNBB ao longo de sua história,
que começou em 1952, ano de sua fundação.
Por curiosa coincidência, se completam
50 assembléias justo quando se completam 50 anos da abertura do Concílio, ocorrida
em 1962.
Como pode acontecer a mesma contagem, com datas diferentes?
A
explicação é simples. Nos primeiros tempos, a CNBB se reunia de dois em dois anos.
Depois passou a se reunir anualmente.
A coincidência não estava, certamente,
nos planos de ninguém. Mas acabou reforçando a estreita relação existente entre a
história da CNBB e o Concílio Ecumênico Vaticano Segundo.
A CNBB foi fundada
dez anos antes do Concílio. E isto não foi nada irrelevante. Ao contrário, quando
chegou o Concílio, os bispos do Brasil já tinham a sua “conferência episcopal”, coisa
que poucos países tinham. Isto possibilitou que os bispos brasileiros contassem com
a valiosa ajuda da articulação entre os episcopados, que a CNBB começou a fazer, valendo-se
sobretudo da agilidade de Dom Heleder Câmara, o seu Secretário Geral.
A CNBB
foi fundada em 1952, quando, dá para dizer, nasceu e foi batizada, assumindo sua identidade
própria de “conferência episcopal”. Mas foi durante o Concilio que a CNBB foi “crismada”,
se consolidando como expressão prática de instituição a serviço da “colegialidade
episcopal”.
Foi graças à CNBB que o local onde se hospedavam os bispos do
Brasil acabou ficando ponto de referência para o aprofundamento dos temas em debate
no Concílio, em vista da consolidação dos grandes consensos que depois eram expressos
nas votações conciliares.
Uma das decisões práticas do Concílio foi exatamente
a organização de todos os episcopados nacionais em “Conferências Episcopais”. Já
teria bastado a experiência positiva do Brasil para recomendar a implantação das
Conferências Episcopais em todos os países.
Das 50 assembléias já realizadas,
uma das mais importantes foi sem dúvida a de 1965, quando o Concílio ainda estava
em pleno andamento, e os bispos do Brasil, ainda em Roma, se deram conta que deviam
se organizar para implementar as orientações do Concílio. Foi então que decidiram
aprovar o primeiro “Plano de Pastoral de Conjunto”, para a aplicação do Concílio,
a ser assumido por todas as dioceses.
Assim, a CNBB colaborou para a realização
do Concílio. E a CNBB foi decisiva para a aplicação do Concílio na Igreja do Brasil.
Por isto, a coincidência deste ano é muito mais do que ocasional. É a feliz expressão
da profunda convergência entre CNBB e Concilio Vaticano II.
A Quinquagésima
Assembleia da CNBB, e os 50 anos do Concilio, têm tudo a ver com a caminhada da Igreja
em nosso tempo!