Nova Evangelização e a "Evangelii Nuntiandi": o Espírito Santo, protagonista da evangelização
Cidade do
Vaticano (RV) - Amigo ouvinte, voltamos ao nosso encontro semanal neste espaço
reservado à nova evangelização – questão prioritária para a Igreja em nossos dias.
De fato, a nova evangelização estará no centro do próximo Sínodo dos Bispos convocado
por Bento XVI para realizar-se no Vaticano, de 7 a 28 de outubro próximo, com o tema
"A nova evangelização para a transmissão da fé cristã".
Em vista desse grande
evento para a Igreja no mundo inteiro, que reunirá bispos provenientes dos cinco continentes,
temos voltado nossa atenção para alguns documentos magisteriais pertinentes à missionariedade
da Igreja. Nesse contexto entramos nesta edição no VII e último capítulo da "Evangelii
Nuntiandi", Exortação Apostólica do Papa Paulo VI, de 1975, que conferiu – como já
ressaltado – um notável dinamismo à ação evangelizadora da Igreja nas décadas seguintes,
acompanhada por uma autêntica promoção humana.
O Cap. VII tem como tema "O
Espírito da Evangelização". Precedido de uma pequena introdução (nº 74), o nº 75 tem
por título "Sob a inspiração do Espírito Santo". Dada a sua extensão e o espaço de
que dispomos, revisitamo-lo de forma abreviada:
75. "Nunca será possível haver
evangelização sem a ação do Espírito Santo. Sobre Jesus de Nazaré, esse Espírito desceu
no momento do batismo, ao mesmo tempo que a voz do Pai, "Este é o meu Filho amado,
em quem me comprazo",(107) manifestava de maneira sensível a eleição e a missão do
mesmo Jesus. (...) E aos discípulos que estava prestes a enviar, disse (Jesus)
soprando ao mesmo tempo sobre eles: "Recebei o Espírito Santo".(111) Realmente, não
foi senão depois da vinda do Espírito Santo, no dia do Pentecostes, que os apóstolos
partiram para todas as partes do mundo afim de começarem a grande obra da evangelização
da Igreja). (...) Repleta do "conforto do Espírito Santo", a Igreja "ia crescendo".(117)
Ele é a alma desta mesma Igreja. É ele que faz com que os fiéis possam entender os
ensinamentos de Jesus e o seu mistério. Ele é aquele que, hoje ainda, como nos inícios
da Igreja, age em cada um dos evangelizadores que se deixa possuir e conduzir por
ele, e põe na sua boca as palavras que ele sozinho não poderia encontrar, ao mesmo
tempo que predispõe a alma daqueles que escutam afim de a tornar aberta e acolhedora
para a Boa Nova e para o reino anunciado. As técnicas da evangelização são boas,
obviamente; mas, ainda as mais aperfeiçoadas não poderiam substituir a ação discreta
do Espírito Santo. A preparação mais apurada do evangelizador nada faz sem ele. De
igual modo, a dialética mais convincente, sem ele, permanece impotente em relação
ao espírito dos homens. E, ainda, os mais bem elaborados esquemas com base sociológica
e psicológica, sem ele, em breve se demonstram desprovidos de valor. (...) Pode-se
dizer que o Espírito Santo é o agente principal da evangelização: é ele, efetivamente
que impele para anunciar o Evangelho, como é ele que no mais íntimo das consciências
leva a aceitar a Palavra da salvação.(118) Mas pode-se dizer igualmente que ele é
o termo da evangelização: de fato, somente ele suscita a nova criação, a humanidade
nova que a evangelização há de ter como objetivo, com a unidade na variedade que a
mesma evangelização intenta promover na comunidade cristã. Através dele, do Espírito
Santo, o Evangelho penetra no coração do mundo, porque é ele que faz discernir os
sinais dos tempos, os sinais de Deus, que a evangelização descobre e valoriza no interior
da história. (...) "Exortamos os evangelizadores, sejam eles quem forem, a pedir
sem cessar ao Espírito Santo fé e fervor, bem como a deixarem-se prudentemente guiar
por ele, qual inspirador decisivo dos seus planos, das suas iniciativas e da sua atividade
evangelizadora."
Amigo ouvinte, vale ressaltar que a evangelização é um ato
teologal obra do Espírito Santo. De fato, é o Espírito Santo que faz discernir os
sinais dos tempos, que vivifica as testemunhas. Ser testemunha significa ter a experiência
da fé: e isso requer um testemunho que acolhe as dinâmicas da cotidianidade.
Amigo
ouvinte, por hoje é só. Até nosso próximo encontro, se Deus quiser, dedicado à Nova
Evangelização. Até lá! (RL)