Cidade
do Vaticano (RV) - Em abril de 18 anos atrás, teve início o genocídio que em Ruanda
matou mais de 800 mil pessoas das etnias tutsi e hutus em menos de quatro meses. A
tragédia deixou pelo menos 248 vítimas entre pessoal eclesiástico que atuava no país.
Nesta
quarta-feira, a ONU promove uma série de eventos: o Secretário-Geral, Ban Ki-moon,
e o presidente da Assembleia Geral, Nassir Abdulaziz Al-Nasser, farão um discurso
sobre o genocídio na sede da organização em Nova York.
Será apresentado também
o documentário “Sweet Dreams”, dirigido e produzido pelos irmãos cineastas americanos
Lisa e Rob Frutchman. Após a projeção haverá um debate sobre o tema. O massacre
teve origens antigas: Ruanda pré-colonial certamente não era um país no qual todos
gozassem de suficiente dignidade e oportunidade; havia divisões sociais, tribais;
as monarquias distribuíam privilégios e riqueza de maneira articulada.
Os
colonizadores – inicialmente alemães e, depois, belgas – tiveram grande responsabilidade
na exasperada divisão do país entre dois grupos rivais, os hutus e os tutsis. Criaram
uma situação de ódio e exclusão socioeconômica entre as duas etnias. Em 1932, quando
os belgas criaram o documento de identidade étnica, chegou-se a uma situação sem retorno:
os twás, além dos hutus e os tutsis, viram-se oficialmente divididos.
Os colonizadores
concediam privilégios e cargos de comando apenas a uma restrita elite dos tutsis,
despertando o ódio crescente nos hutus. E depois de deixar o país, assistiram à tomada
do poder pela maioria hutu, até então oprimida, sem a preocupação de refrear as tensões
causadas por sua política criminosa.
Para o professor de História da África
do Instituto de Relações Internacionais da PUC-Rio, Alexandre dos Santos, “o acontecimento
de Ruanda fez com que o nosso olhar se tornasse menos ingênuo e perceber que às vezes
o contexto é muito mais complexo do que um simples primeiro olhar”.
Todos
os anos, em 7 de abril, o mundo recorda o Dia Internacional em Lembrança às Vítimas
do Genocídio em Ruanda. O Professor Alexandre dos Santos, entrevistado pela Rádio
ONU no Rio de Janeiro, afirma que o Dia é a ocasião para manter viva a lembrança,
fazer novas reflexões e analisar as efetivas responsabilidades da matança. Ouça clicando
acima. (CM)