2012-04-10 19:58:25

A mensagem do Papa nas quatro homilias da Semana Santa


Cidade do Vaticano (RV) - Bento XVI concederá nesta quarta-ferira, na Praça São Pedro, no Vaticano, a primeira audiência geral deste Tempo de Páscoa: na Semana Santa, o Pontífice introduziu-nos neste período com quatro belíssimas homilias em que recordou como a ressurreição de Cristo mudou definitivamente a condição do homem e do mundo.

Repropomos, a seguir, algumas passagens das reflexões do Santo Padre.

No domingo de Ramos, o Papa mostrou a compaixão de Deus pelo mundo: Jesus não vem para condenar, mas para salvar. Assim somos convidados a termos um olhar benevolente sobre a humanidade.

"O olhar que o fiel recebe de Cristo é o olhar da bênção: um olhar sapiente e amoroso, capaz de colher a beleza do mundo e de partilhar a sua fragilidade. Nesse olhar transparece o próprio olhar de Deus sobre os homens que Ele ama e sua criação, obra de suas mãos."

O caminho da compaixão desilude as expectativas humanas porque passa pela Cruz. Os próprios discípulos perdem o ânimo: "somos chamados a seguir um Messias que não assegura uma felicidade terrena fácil, mas a felicidade do céu, a beatitude de Deus."

Na Missa do Crisma, o Papa precisou que a cruz requer "uma conformação a Cristo", uma renúncia "à tão almejada auto-realização" para colocar-se a disposição de Jesus. E não hesitou a dizer que, nesse contexto, a situação da Igreja é "muitas vezes dramática". Há, mesmo entre os sacerdotes, quem quer renovar a Igreja através da desobediência. Mas o desobediente anuncia somente a si próprio, enquanto a obediência é "o pressuposto de toda verdadeira renovação".

A verdadeira obediência não é imobilismo, não é cega submissão, mas é criadora: basta ver a renovação eclesial que na era pós-conciliar "muitas vezes assumiu formas inesperadas em movimentos repletos de vida":

"E se olharmos para as pessoas, das quais brotaram e brotam esses rios vicejantes de vida, vemos também que para uma nova fecundidade são necessários ser repletos da alegria da fé, a radicalidade da obediência, a dinâmica da esperança e a força do amor."

Tudo isso comporta o combate da fé. Na missa da Ceia do Senhor o Papa indicou-nos Jesus que no Monte das Oliveiras "luta com o Pai... luta consigo mesmo. E luta por nós" contra a sujeira que invade a humanidade. A sua alma encontra-se angustiada:

"Vê a maré suja de toda a mentira e de toda a infâmia que recai sobre Ele naquele cálice que deve beber. É a turvação do totalmente Puro e Santo frente à torrente do mal deste mundo, que se lança sobre Ele. Vê-me também a mim, e reza por mim... e toma sobre Si o pecado da humanidade, toma a todos nós e leva-nos para junto do Pai."

Nessa luta Jesus pede ao Pai que Lhe afaste esse cálice. Porém acrescenta: "Mas não se faça o que eu quero, e sim o que tu queres". Desse modo cura a soberba do homem, que "é a verdadeira essência do pecado", que nos faz crer sermos livres se formos independentes de todos, independentes também de Deus.

Mas os cristãos – afirmou o Papa – "justamente enquanto ajoelhados" diante de Deus, "permanecem de pé frente ao mundo". Somente quem depende de Deus é verdadeiramente livre.

Na Vigília pascal o Papa nos mostrou como Cristo na Cruz destruiu o homem velho e soberbo para fazê-lo renascer como nova criatura. A ressurreição é a nova luz que muda o mundo. O homem, porém, é tentado por suas próprias capacidades a permanecer na escuridão de seus pequenos horizontes:

"Nas coisas materiais sabemos e podemos realmente muito, mas aquilo que vai além disso, Deus e o bem, não mais conseguimos identificar. Por isso é a fé que nos mostra a luz de Deus, a verdadeira iluminação, ela é uma irrupção da luz de Deus em nosso mundo, uma abertura dos nossos olhos para a verdadeira luz."

Por fim, volta à compaixão. A luz de Deus não somente ilumina, não é fria, mas é fogo que aquece. Os cristãos – concluiu o Pontífice – são chamados a difundir no mundo o calor do amor e da bondade de Deus. (RL)







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