(Brasília) - A Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, Justiça
e Paz da CNBB divulgou na manhã de quarta-feira, 04/04, uma nota relativa aos dados
da violência contra a população de rua em todo o país.
O levantamento foi
obtido pelo Centro de Defesa e Proteção dos Direitos Humanos para a População de Rua
e Catadores de Material Reciclável (CDDH), uma parceria da Secretaria Nacional de
Direitos Humanos, CNBB e Ministério Público do Estado de Minas Gerais.
Os dados
revelam que o índice de violência contra o Povo de Rua está crescendo a cada mês.
Em todo o Brasil, nos últimos 12 meses, houve 165 mortes e 35 tentativas de homicídio,
além de 66 lesões corporais contra moradores de rua. Apenas na cidade de Maceió (AL)
registraram-se 8 assassinatos.
“Preocupa-nos a não implementação de políticas
públicas em benefício desta população, deixando-a ainda mais vulnerável” - afirma
Dom Guilherme Werlang, Presidente da Comissão. Ele também chama a atenção para a missão
maior de toda a sociedade, que é “a proteção e o cuidado com o nossos irmãos mais
fragilizados para que tenham vida em plenitude no tempo que Deus permitir”.
“Há
uma situação de higienização e de extermínio dessa população. Estão assumindo a postura
da violência física, tentativa de homicídio, o que culmina com assassinatos, com características
de crueldade mesmo, como é o caso mesmo de atear fogo nas pessoas ou jogar pedras”
- relata a Irmã Cristina Bove, da Pastoral do Povo de Rua.
A religiosa afirma
que os autores deste tipo de violência são múltiplos, e sinaliza a falta de resposta
da sociedade para a questão: “A população em geral discrimina, pois não quer viver
perto de moradores de rua. Recentemente, a imprensa noticiou que no Distrito Federal
comerciantes pagaram 100 reais para matar moradores de rua” - conta a Irmã Cristina,
que também faz um alerta. “Há informações de grupos com características neonazistas,
que estão provocando estas mutilações e mortes, além de denúncias de extermínios feitos
por setores da área pública”.
De acordo com a religiosa, a situação é mais
grave nas capitais e nas cidades com mais de 300 mil habitantes e tem causas múltiplas.
“O nosso sistema econômico gera uma mão de obra excedente. Este povo, sem trabalho,
acaba caindo na situação de rua” - afirma Irmã Cristina, que lembra a necessidade
de uma política nacional para o tema. “Temos que partir do pressuposto de que as pessoas
não querem ficar na rua, e por isso, precisam ter acesso aos equipamentos e serviços
que possam ser oferecidos. E claro, que não sejam somente serviços assistencialistas.
Precisamos de políticas estruturantes, com respeito a trabalho e habitação”, concluiu
a religiosa. (CM-CNBB)