Cidade do Vaticano (RV)* - A partir de hoje memorizamos a figura de um justo
sofredor, Jesus Cristo, que vence a batalha pela coerência, que enfrenta todo tipo
de insulto, tortura e perseguição. Sua atitude foi sempre contra a violência e a opressão,
e acaba vencendo. Não só isto, mas também convencendo os opressores de que estavam
errados.
É a Semana Santa, momento em que o aparente fracasso se transforma
em vitória, o que era considerado maldição pelos judeus, isto é, a morte acontecida
na cruz, transforma-se em glória. Foi a realização plena daquilo que já era previsto
no Antigo Testamento, nas palavras sábias e inspiradas proferidas pelos profetas.
Jesus,
em toda a sua paixão e morte na cruz, mostra que a violência não é vencida com outra
violência e com vingança. Revela também que o sofrimento nunca pode ser causa de desânimo
e de perda total de esperança. Deve ser sim, fonte de atenção aos apelos do momento
e ao caminho de conquista de uma cultura de paz.
Ater-se ao mundo da violência
é deixar de ser a imagem, a semelhança, ou a forma de Deus. É ir à contramão dos indicativos
e dos princípios cristãos, de ter capacidade de perder algo para evitar a violência.
Nesta atitude está o começo de uma nova humanidade, dando sentido à vida como sendo
de Deus e não nossa.
No mundo do desequilíbrio, do estres e da violência, temos
que estar atentos aos fatos, ao livro da vida e responder a eles de forma coerente
e convencidos de que o bem, a paz e a vida saudável são realidades possíveis. Foi
justamente isto que Jesus, na Semana Santa, quis deixar claro em suas atitudes.
Interessante
que Jesus sofre e é massacrado justamente por ter sido justo. É o caso do ímpio que
persegue o justo, porque este fala a verdade, atitude que ofende quem pratica a inverdade.
Mas em Jesus acontece a vitória do derrotado, o sucesso do fracassado, a glória da
humilhação e a vida que nasce da morte.
*Dom Paulo Mendes
Peixoto Arcebispo de Uberaba (MG)