Havana (RV) – Da esperança à caridade: depois de concluir no México a primeira
etapa desta 23ª viagem apostólica internacional, que teve como tema “Juntos na esperança”,
o Papa chega a Cuba como “Peregrino da Caridade”.
Seja em Santiago de Cuba,
seja em Havana, tudo está pronto há dias para acolher Bento XVI da melhor forma possível.
Na Praça da Revolução, em Havana, onde Bento XVI celebrará na quarta-feira a Santa
Missa diante de cerca 700 mil pessoas, membros da Igreja afirmaram ao Programa Brasileiro
que sem o apoio governamental, inclusive econômico, esta visita não teria sido possível.
Mas
para além dos aspectos organizacionais, também o povo cubano se preparou espiritualmente
para receber o Pontífice. Um povo que realmente necessita de esperança, de palavras
de conforto, de poder olhar com confiança para o futuro. Numa brincadeira, num trocadilho,
aqui se diz que, sim, o povo tem fé; todavia, as iniciais indicam “família no exterior”.
E aqui as necessidades são muitas, os desafios são grandes. Visitando um bairro na
periferia de Havana, encontramos os problemas que existem em qualquer grande cidade:
exclusão social, famílias desestruturadas.
Em Havana, por exemplo, há um alto
número de mães adolescentes – problemas que a Igreja tenta aliviar, atenuar, com um
trabalho seja assistencial, seja pastoral. Os desafios cotidianos geram um sofrimento
sobretudo moral, e a Igreja está presente para infundir aqueles valores que conduzem
ao mais sentido mais profundo da vida humana, à autêntica fé – desta vez, sem trocadilhos.
E
é isso que os cubanos, fiéis ou não, esperam desta visita de Bento XVI, este sopro
de vida, de vida nova. Mas quais são os principais desafios que a Igreja cubana deve
enfrentar hoje? Eis o que nos diz o Fr. Antonio Carlos Gomes Pereira, de Caxias do
Maranhão, que há três anos mora em Cuba:
Um desafio é o fortalecimento da fé,
tanto dos jovens, como daqueles adultos que estão entrando na Igreja agora. Outro
desafio está na relação entre Igreja-Estado. Agora resta saber qual será a qualidade
e que tipo de relacionamento haverá entre Igreja-Estado, porque hoje Cuba está bem
tolerante quanto à religião institucional, porque a popular existe, a dimensão religiosa
está presente. Atualmente, o relacionamento está muito bom. Outro desafio para a sociedade
cubana é a questão da reconciliação do povo cubano, tanto os que estão dentro, como
estão fora, na diáspora, e a Igreja terá um papel muito importante, principalmente
para nós, franciscanos, que é um dos nossos carismas. Alguns não têm esta dimensão
do perdão, do perdoar o outro. Então este é um grande desafio.
Santiago de
Cuba é a primeira etapa desta viagem – a etapa mais mariana. Depois da cerimônia de
boas-vindas no aeroporto da cidade, na qual pronuncia seu primeiro discurso, Bento
XVI se dirige até a Praça da Revolução Antonio Maceo y Grajales, um dos heróis cubanos
da luta pela independência de Cuba do domínio espanhol. Nessa mesma Praça, em janeiro
de 1998, o Beato João Paulo II celebrou a Santa Missa em que corou pessoalmente a
imagem da Virgem da Caridade do Cobre, padroeira de Cuba.
De Cuba para a
Rádio Vaticano, Bianca Fraccalvieri