Havana
(RV) - O dia tão aguardado pelos cubanos finalmente chegou. O avião que traz Bento
XVI do México aterrisará na tarde desta segunda-feira em Santiago de Cuba – a etapa
mais mariana desta viagem. Após a cerimônia de boas-vindas no aeroporto internacional
da cidade, em que o Pontífice pronunciará seu primeiro discurso em terras cubanas,
o Papa é aguardado na Praça Antonio Maceo, onde celebrará a Santa Missa pelos 400
anos do descobrimento da imagem de Nossa Senhora da Caridade do Cobre.
Assim
como 14 anos atrás, por ocasião da visita de João Paulo II, os cubanos estão ansiosos
para ouvir a mensagem de Bento XVI. Na missa dominical celebrada na Igreja de Santo
Inácio e do Sagrado Coração, no centro de Havana, o celebrante, o sacerdote jesuíta
Luis Fernando de Miguel, disse em sua homilia que os cubanos querem pedir ao Papa
uma palavra de vida e de alento para a sociedade e para a Igreja.
Aliás, alento
e esperança são as palavras mais ouvidas em torno desta visita, como nos confirma
a religiosa cubana Ir. Maria de Los Ángeles, irmã passionista de S. Paulo da Cruz:
Eu
creio que todos estamos esperando, pelo menos os católicos, com muito anseio, com
o desejo que nos traga uma mensagem de vida, de paz, sobretudo de esperança frente
a um povo que está cansado e que precisa de alento e de vida. E que nos dê a sua bênção
para que os católicos continuem sendo sinal desta presença do Reino no meio da nossa
realidade, para ser também esta presença de amor, de misericórdia e de perdão para
nós, entre nós mesmos que necessitamos de proteção, de sanar tantas feridas que carregamos
dentro por nossa história.
Nossa Senhora da Caridade do Cobre é vista pelos
cubanos como um fator de unidade nacional, de reconciliação – fundamental neste periodo
da história de Cuba. Vamos ouvir mais uma vez a Ir. Maria de Los Ángeles:
A
Virgem da Caridade é a maior patrimônio do povo cubano e creio que isso foi demonstrado
durante a peregrinação do último ano, em que católicos e não católicos foram ver a
Mãe. A Mãe é aquela que acolhe, que escuta, anima, é a vida deste povo. Maria permaneceu
junto à Cruz, e creio que muitas pessoas que foram até onde ela estava, cada um foi
ali com sua Cruz, para pedir à Mãe que o ajudesse a carregá-la. Maria é a mulher que
esteve ao lado dos discípulos e que sempre esteve ao lado do nosso povo no decorrer
da história. Maria é uma bênção para o nosso povo, porque fez com que despertasse
para o fato de que somos irmãos, de que devemos nos amar e nos perdoar. Com seu manto,
nos cobre com seu amor, com sua caridade, para nos fazer sentir novamente que somos
seus filhos e filhos do Pai e irmãos em Jesus Cristo. E creio que o povo, aos poucos,
despertou para a fé que estava adormecida, mas que não conseguiram eliminar.
Ir.
Gisela Lilia Siebeneichler, de Santa Catarina, mora há 23 anos em Cuba. Profunda
conhecedora da realidade local, fala da expectativa para esta visita:
A
expectativa é de que seja um momento forte como foi a visita de João Paulo II, que
una os cubanos, não importa de que religião seja. Que seja este também um momento
de unidade nacional, unidade da Igreja, unidade do povo. Que seja um momento de paz,
de tranquilidade e o começo de um crescimento na vida espiritual, sobretudo para a
Igreja e para o povo.
Como o povo cubano se dirige a Nossa Senhora?
Desde
o tempo que estou em Cuba, em todas as casas que eu entrei, sempre que eu falei que
era católica e que eu vinha em nome da Nossa Senhora da Caridade, a porta se abria.
Nossa Senhora da Caridade, a Catita, como a chamamos, Madresita, ela é para cubano
a mãe, a que vai abrindo caminhos, a que abre portas, a que une, é a Mãe.
De
Cuba para a Rádio Vaticano, Bianca Fraccalvieri