Bispos angolanos apelam a eleições «livres e justas»
(22/3/2012) A Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) publicou uma nota
pastoral para as próximas eleições gerais no país, marcadas para este ano, pedindo
que as mesmas sejam “livres e justas”. “A verdade do voto exprime a vontade soberana
do povo. Daí a exigência de um processo eleitoral transparente e de eleições verdadeiramente
livres e justas”, assinalam os bispos. O documento foi publicado na página do organismo
católico na internet, após a primeira assembleia plenária da CEAST, que se concluiu
esta quarta-feira, em Luanda. Para os bispos angolanos, a eleição dos governantes,
“feita livremente pelos cidadãos, constitui o verdadeiro pilar da democracia” e este
direito cívico é mesmo um “dever” para a população. “A abstenção constitui uma
verdadeira culpa, não somente anticívica mas também antipatriótica”, pode ler-se. Aos
eleitores, acrescenta a nota da CEAST, compete conhecer “o programa político de cada
partido” e a “competência dos executores deste programa”. Os angolanos vão eleger
este ano os deputados para a Assembleia Nacional e o presidente da República. Neste
contexto, os bispos desejam que os programas dos partidos deem resposta a “graves
problemas da sociedade” como a pobreza ou o “aumento do fosso entre ricos e pobres”. Sobre
a campanha eleitoral, o documento deixa votos de que todos os partidos tenham o mesmo
“tempo de antena” e que a mesma seja “honrada pelo civismo, evitando toda a espécie
de violência”. “Em democracia, o verdadeiro detentor do poder é o povo o qual,
através das eleições, delega esse poder aos governantes eleitos. Daqui se infere que
as eleições são um direito do povo, direito este que lhe não pode ser usurpado sob
pretexto algum”, alerta a CEAST. A nota conclui com orientações contra o envolvimento
partidário do clero, religiosos, religiosas e catequistas: “Nunca digam aos fiéis
em quem devem votar, mas digam-lhes como devem votar”. No final dos trabalhos da
assembleia plenária, a Conferência Episcopal criticou a passividade da polícia angolana
face à atuação de civis na repressão de uma tentativa de manifestantes antigovernamentais
no último dia 10. D. Francisco da Mata Mourisca, bispo emérito do Uíje, disse que
as manifestações constituem "um direito de todo e qualquer cidadão", e que o Estado
“tem o dever de manter a ordem pública”, mas com “a moderação da força, não de forma
irracional".