Risco de genocídio no Brasil, apesar da luta da ONU contra o racismo
Londres (RV) - Os apelos para acabar com uma “verdadeira situação de genocídio”
na Amazônia brasileira são cada vez maiores, especialmente nesta quarta-feira que
marca o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial da ONU.
Especialistas
alertam que os índios Awá no Brasil estão diante da sua extinção, a menos que haja
mais esforços para proteger seus direitos à terra, que estão sendo violados por madeireiros
ilegais e pecuaristas.
A ONU quer que a “dignidade e direitos” dos seres humanos
sejam respeitados em nível mundial. No entanto, muitas comunidades indígenas continuam
a sofrer com o ódio étnico.
Os Awá são uma pequena tribo de cerca de 355 pessoas,
que sobreviveram a massacres brutais. Eles vivem no leste da Amazônia e são uma das
últimas tribos de caçadores e coletores nômades no mundo. Alguns membros da tribo
permanecem isolados.
Os Awá dependem da floresta para tudo, mas ela está desaparecendo
rapidamente conforme a exploração madeireira intensiva destrói a terra dos índios.
Bruno
Fragoso, da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), adverte: “Para os Awá-Guajá, no processo
de aceleração de invasão em que se encontram, se não houver ação rápida e emergencial,
o futuro desse povo é a extinção”.
Um juiz brasileiro que visitou o território
dos Awá para investigar a situação também alerta: “trata-se de um verdadeiro genocídio”.
Da
mesma forma, uma pesquisa realizada pela antropóloga e especialista sobre os Awá,
Dra. Eliane Cantarino O'Dwyer concluiu: “os Awá estão enfrentando uma situação real
de genocídio”.
A floresta dos Awá está enfrentando uma das maiores taxas de
desmatamento de todas as áreas indígenas na Amazônia. Imagens de satélite mostram
que mais de 30% da floresta, em um dos quatro territórios habitados pelos Awá, já
foram destruídos.
Os especialistas estão especialmente preocupados com o impacto
que essas invasões de terra têm sobre os Awá isolados, que são particularmente vulneráveis
à doenças
O diretor da Survival International, Stephen Corry, disse nesta quarta-feira:
“a tribo Awá é a mais ameaçada do mundo. Se os seus direitos não forem protegidos,
eles só existirão nas páginas de livros de história. O apelo da ONU para acabar com
a discriminação racial é um passo para mudar atitudes e ajudar a manter a floresta
dos Awá intacta”. (RB)