2012-03-20 14:03:16

A parte que cabe à graça


Uberaba (RV) - Como Bispo da Santa Igreja, e mesmo como Presbítero, me considero fundador de comunidades novas, ou como aquele que confirma as comunidades já estabelecidas. Assim, procurei nas cidades maiores, visitar os bairros em formação, com o precioso auxílio de seminaristas, de religiosas, de diáconos e sobretudo de Presbíteros. E quando os leigos despertam para a beleza da vida comunitária, então considero que ali existe vida, trazida pelo Espírito Divino, que “é Senhor e fonte de vida”. Mas não basta fundar as comunidades e nomear pessoas responsáveis. É preciso imitar os Apóstolos, e visitar essas sementes do Reino de Deus, para conferir o espírito fraterno, a firmeza na fé e a perseverança na prática do bem. São Paulo dizia “Tenho grande desejo de visitar-vos” (Rom 15, 23).

Quero partilhar com meus amigos as impressões vividas numa dessas visitas de retorno. Trata-se de um bairro – hoje muito populoso - onde fui o iniciador da comunidade. Há um Padre, responsável por todo o andamento religioso, um admirável Diácono, um seminarista teólogo, e vários leigos de muito bom gabarito. Já possuem uma capela, de suficiente tamanho, e o salão paroquial está em construção. Rezei missa para esse povo, num sábado à noite. O assunto da celebração foi como se preparar para a Páscoa, como reafirmar a fidelidade à pessoa de Cristo, e como participar da Campanha da Fraternidade. A capela estava quase cheia. O tipo de fiéis presentes era de povo remediado, e a maioria dos presentes eram mulheres.

Saímos de lá, e pude em seguida, me aproximar de um templo evangélico, em pleno funcionamento. Era bom o número de fiéis, a maioria da assembléia era de homens, bem vestidos, quase uma “elite” do bairro. O assunto que tratavam era a prosperidade, como sinal de bênção divina. Mas isso só aconteceria – afirmava-se - mediante generosos dízimos. Houve ainda várias “curas”, sendo o arsenal dos milagres um poder à disposição do líder. Pensei para mim: por que a mensagem, séria e teologicamente completa, da nossa Igreja, não produz impacto sobre a população? Deveríamos apelar para o “popular”? Não devemos cair nessa cilada. A mensagem completa de Cristo tem resposta total para todos os anseios humanos. Para que ela faça efeito, no entanto, depende da hora da graça divina. “O Senhor lhe abriu o coração” ( At 16,14).

Dom Aloísio Roque Oppermann scj – Administrador Apostólico
Endereço eletrônico: domroqueopp@terra.com.br








All the contents on this site are copyrighted ©.