Reflexão sobre a liturgia deste IV Domingo da Quaresma
Cidade do Vaticano
(RV) - Uma imagem de Jesus que me agrada particularmente é a do Senhor crucificado.
Vejo nela o símbolo maior de nossa fé e o sinal mais explícito do amor de Deus por
nós. É a imagem da entrega radical ao Pai, por amor. Por outro lado, preocupa-nos
quando alguns cristãos dizem que a imagem do crucificado os choca e que não deveria
ficar exposta, mas a do Senhor ressuscitado. É verdade, O Cristo ressuscitado é a
última palavra. No evangelho deste domingo o Senhor nos fala que ele deverá
ser levantado, para que todos os que nEle crerem tenham a vida eterna. Ele recorda
a Nicodemos o episódio no deserto quando, sob a orientação de Deus, Moisés levantou
uma haste de onde pendia uma serpente de bronze. Todos os que eram picados por serpente
deveriam olhar para a de bronze e ficariam curados. Todos nós, no Paraíso, fomos
picados pela serpente do egoísmo, do egocentrismo e de todos os males. É preciso que,
para nossa cura, olhemos com fé para o Crucificado, testemunho maior do amor do Pai
por nós, como fonte de vida, de reconciliação e de paz. Diante da entrega radical
a Deus, de total descentralização, de abnegação absoluta, de esvaziamento de si mesmo,
nosso coração deverá aprender a lição de amor e moldar-se ao Crucificado. Queridos
irmãos, quando nos expomos ao sol, não fazemos nada, apenas deixamos que sua luz nos
passe os benefícios de que nosso organismo necessita. Nossa vida espiritual e, por
que não dizer, nossa maturidade psicoafetiva necessita que fixemos o olhar na imagem
do Cristo crucificado, sinal maior de libertação, de maturidade e de entrega por amor.