Santa Sé e Lefebvrianos ainda sem acordo: considerados insuficientes os esclarecimentos
prestados pela Fraternidade São Pio X
(16/3/2012) A Santa Sé considerou insuficientes os esclarecimentos prestados pela
Fraternidade Sacerdotal São Pio X, fundada pelo falecido D. Marcel Lefèbvre (1905-1991),
exigindo um novo posicionamento para superar a “fratura” existente entre as partes. A
decisão foi hoje comunicada pelo Vaticano ao superior geral da Fraternidade, D. Bernard
Fellay, que em setembro do último ano recebeu da Congregação para a Doutrina da Fé
(CDF) um ‘preâmbulo doutrinal’ sobre os problemas que separam as duas partes, nos
quais se destacam a aceitação do Concílio Vaticano II (1962-1965) e do magistério
pós-conciliar dos Papas em matérias como as celebrações litúrgicas, o ecumenismo ou
a liberdade religiosa. A sala da imprensa da Santa Sé revela que “a posição por
ele [Bernard Fellay] manifestada não é suficiente para superar os problemas doutrinais
subjacentes à fratura entre a Santa Sé e a referida Fraternidade”. O cardeal William
Levada, prefeito da CDF encontrou-se hoje com o superior geral da Fraternidade São
Pio X, o qual foi convidado a “esclarecer a sua posição”, para que seja possível “evitar
uma rutura eclesial de consequências dolorosas e incalculáveis”. O ‘preâmbulo doutrinal’
era acompanhado por uma nota preliminar, como “base fundamental para atingir a plena
reconciliação com a Sé Apostólica”, enunciando “alguns princípios doutrinais e critérios
de interpretação da doutrina católica necessários para garantir a fidelidade ao magistério
da Igreja”. A resposta da Fraternidade foi recebida pelo Vaticano, em janeiro de
2012, tendo sido examinada pela CDF e, posteriormente, por Bento XVI. Enquanto
as questões relativas à doutrina não forem esclarecidas, a Fraternidade não possui
qualquer estado canónico na Igreja, segundo explicou o próprio Papa, numa carta enviada
aos bispos de todo o mundo, em 2009. O director da Sala de Imprensa da Santa Sé,
padre Federico Lombardi, adiantou que a Santa Sé concedeu 30 dias a D. Bernard Fellay
para uma nova tomada de posição.